terça-feira, 26 de agosto de 2014

Crítica de "Os Mercenários 3"

Em 2010 chegava aos cinemas um dos filmes mais ousados da nossa época. Era a junção de todos os "brucutus" que faziam filmes de ação nos anos 80 em um filme só. Tinha tudo para ser um fiasco. Mas para a surpresa de todos,  o filme foi bem conduzido, com uma boa dose de humor, porrada bruta e tiros para todos os lados. Em termos de roteiro muitos vão dizer que a franquia não foi muito boa. Mas convenha-se que quem vai ver um filme desse estilo não está interessado num roteiro muito elaborado. Em 2012, depois do sucesso de "Os Mercenários", estreava a continuação da franquia. Conseguindo acompanhar o ritmo do primeiro filme, o longa também foi querido e atraiu uma nova legião de fãs. Em 2014, então, chega aos cinemas o terceiro filme da franquia. Um filme que apenas precisava imitar a fórmula usada nos anteriores. Mas quiseram inventar e isso prejudicou o filme.

O roteiro é extremamente ruim. Mesmo os roteiros anteriores não sendo tão bons, esse é o pior sem dúvida. Situações mal explicadas, motivações pífias, desenvolvimentos superficiais. Tudo isso estava presente nesse roteiro. E o pior de tudo: grande parte do filme acompanha um novo grupo de jovens Mercenários que substituem os antigos. Além de não possuírem atores conhecidos, suas atuações são deprimentes. Seus personagens não possuem carisma nenhum que provoque uma identificação com o público e isso torna o filme lento em alguns momentos. Porém, as cenas em que a equipe antiga está em ação são extremamente empolgantes e divertidas e por ora, o público esquece do péssimo elenco jovem. O ponto alto do roteiro deve ser o vilão principal, interpretado pelo mestre Mel Gibson. Disparadamente é o vilão mais bem desenvolvido de toda a franquia, com motivações que não precisam ser plausíveis, pois o personagem é completamente insano. Existe até uma cena em que o personagem lembra muito o Coringa da trilogia de Nolan. E combinado ao gênio da atuação Mel Gibson, o personagem funciona muito bem.

A direção é de Patrick Hughes. Sendo o primeiro filme de peso dirigido por ele, o diretor não apresenta nenhum estilo próprio direção. É uma direção completamente genérica no gênero, usando inúmeras vezes do artefato da "câmera tremida". Porém, tratando-se de um filme de ação a direção consegue conduzir o filme até onde dá. A culpa do filme não ser tão bom quanto os anteriores não deve cair sob Patrick, mas sob os roteiristas que criaram personagens detestáveis. As cenas de explosão são mal acabadas, porém as cenas de tiroteio têm uma apresentação muito boa e empolgante. O roteiro como já foi falado peca principalmente nos personagens jovens, que não acrescentam nada a história e as vezes até irritam. Mas, o roteiro também acerta não somente no vilão, mas nos personagens de Wesley Snipes e Antonio Banderas que são bastante divertidos.

O elenco "velho" continua a mesma coisa, eles fazem o filme para se divertir e conseguem passar credibilidade ao público. Destaque a atuação de Mel Gibson que é bastante coesa e a Harrison Ford que passa uma seriedade bastante impactante. O resto do elenco antigo está bem, mas nada que se mereça comentar. Mais uma vez o problema do elenco são os jovens. Não existe nenhum bom ator entre eles que possa salvar suas participações e isso incomoda bastante o público. O filme se prejudica com os personagens jovens sem desenvolvimento, mas todas as vezes em que a "velha guarda" aparece é diversão garantida.

Nota: 



 - Demolidor

domingo, 3 de agosto de 2014

Crítica de "Guardiões da Galáxia"

Quase ninguém sabia o que esperar desse novo filme da Marvel. Seis anos depois do começo da editora nas telonas, chegou ao cinema os primeiros super-heróis produzidos pelo Marvel Studios que não fazem parte de "Os Vingadores". Como essa nova equipe de heróis não é muito famosa nos quadrinhos, mesmo grandes fãs da editora ficaram com o pé atrás para esse filme. Porém a Marvel, inteligente como (quase) sempre, soube usar esse fator em seu favor. Como apresentar todos esses personagens para o público e ainda contar uma boa história em um filme só? A saída perfeita encontrada pelo roteiro é fazer com que os personagens se conheçam junto com o público. O filme ainda brinca com isso, com piadas sobre os coadjuvantes não conhecendo os Guardiões.
A história conta a aventura do grupo para capturar o Orbe, uma das gemas do infinito. Porém, complicações acontecem no meio do caminho.
Uma das coisas mais interessantes do filme também, é como ele passeia por diferentes gêneros de uma forma bem sutil e coerente. Temos drama, ação, aventura e comédia. E QUANTA comédia. Dá para dar boas gargalhadas durante o longa. Elas se dão principalmente pela muito cômica química entre os cinco personagens principais. Cada um deles possui uma característica específica que possibilita diferentes tipos de piada.
A ação é muito bem pontuada e dirigida. O diretor James Gunn soube usar as diferentes habilidades de cada personagem para criar lutas criativas e empolgantes, assim como aconteceu em "X-Men - Dias de Um Futuro Esquecido". A história da aventura também é muito interessante, pois os heróis vivem duas jornadas: uma para realizar a missão deles e a outra para aprender a conviverem juntos.
Mas, esse filme não seria nada sem seus excelentes personagens. São todos muito diferentes e carismáticos. Começando por Starlord ou Peter Quill, vivido por Chris Pratt. É o personagem com mais tempo de tela, justamente por ser o único humano na história. O personagem passa por várias situações difíceis e cômicas retratadas muito bem por Pratt, um ator em ascensão que, provavelmente veremos bem mais nos cinemas. Também existe o Rocket, dublado por Bradley Cooper. Um guaxinim falante genial. Um dos personagens mais engraçados de todos os filmes da Marvel. Inclusive, seria muito engraçado um encontro dele com Tony Stark. Cooper tem o timing muito bom para as piadas. E a voz está muito boa. Essa é uma das principais coisas que se perde vendo o longa dublado. Vin Diesel dubla o parceiro de Rocket, Groot. Este é o gancho para muitas piadas no filme, principalmente por ser uma árvore ambulante que só fala "Eu sou o Groot". Zoe Saldana interpreta Gamora, uma das filhas de Thanos. Sua personagem é, provavelmente, a mais sem sal do longa. Possui pouco personalidade, principalmente se comparada aos quadrinhos. Mesmo assim, sua falta de personalidade ajuda a ressaltar o excesso da de seus companheiros. Por último, Drax. O alienígena mercenário que procura vingança é feito por Dave Bautista. O mais legal do personagem é não entender as piadas e metáforas, levando tudo no sentido literal. Essa característica cria muitas situações cômicas.
O filme lembra muito "Star Wars" em alguns aspectos. A relação de Rocket com Groot é muito parecida com a de Han Solo com Chewbacca. Gamora lembra a Princesa Leia, principalmente por seu planeta natal ter sido destruído e também por ser a única mulher (alienígena) no grupo.
A trilha sonora é um dos pontos fortíssimos do longa. As músicas dos anos oitenta se encaixam perfeitamente no filme. A forma como ela aparece nas cenas é muito orgânica. Uma das melhores trilhas sonoras ultimamente.
O visual do longa é muito bom. A forma como a fotografia vem de uma maneira natural, com uma paleta de cores muito variada lembra muito as histórias em quadrinhos. A direção de arte também é incrível. Todos os cenários, figurinos e até os próprios personagens digitais acompanham a fotografia num tom muito colorido. O 3D é surpreendentemente muito bom. O filme possui uma ótima profundidade e, é claro, objetos são jogados na cara do público. Se possível, veja o filme em 3D. Os efeitos visuais estão muito bons. Você acredita que um guaxinim falante existe. Claro que também é preciso ressaltar a excelente dublagem, mas a computação gráfica está muito boa também. Não de uma forma super realista como em "Planeta dos Macacos - O Confronto", mas de uma forma que também lembra muito os quadrinhos.
Como levar a sério esse filme? Com um guaxinim falante e uma árvore ambulante? A resposta é não levar, porque nem ele se leva à sério. Isso é excelente. Tirou a mania de fazer filmes de super-heróis realistas, pois afinal, é preciso admitir que super-heróis são clichês. O filme tem a humildade de admitir isso.
Para muitos, os melhores filmes da Marvel são "Homem de Ferro" e "Os Vingadores". E "Guardiões da Galáxia" encontra-se no mesmo nível, principalmente pela química incrível e cômica entre seus personagens.

Obs: Existe uma cena pós-créditos.

Nota:





- Bilbo