sábado, 31 de maio de 2014

Crítica de "No Limite do Amanhã"

A viagem  no tempo é um tema recorrente nas ficções científicas no cinema. Mas esse conceito sempre é explorado de formas diferentes, variando de roteirista para roteirista. Muitas vezes esse recurso é usado de forma estúpida e isso denigre o filme, mas não é esse caso. "No Limite do Amanhã" conta a história do soldado Cage (Tom Cruise) que vive numa Terra futurística onde os humanos estão em guerra com os alienígenas. Um dia ele vai para a batalha e morre. Porém, ele acaba caindo numa fenda temporal e toda vez que ele morre naquele dia, ele acaba o vivendo novamente. Assim, ele com a ajuda de Rita (Emily Blunt) precisa montar uma estratégia para derrotar a raça alienígena antes que seja tarde demais.

O roteiro é escrito por Cristopher McQuarrie ("Jack Reacher: O Último Tiro"), Jez Butterworth ("A Última Legião") e John-Henry Butterworth. O roteiro é extremamente bem escrito. Logo de cara, ao sermos imerso nesse universo da fenda temporal, já lembramos do clássico da comédia "Feitiço do Tempo". Mas, sempre há a dúvida se a trama conseguirá se desenvolver num conceito um pouco complicado. Mas o filme consegue contar uma boa história, utilizando desse conceito para engrandecer a trama. É interessante as estratégias que os protagonistas bolam e é perceptível a paciência que eles precisam ter, principalmente o soldado Cage que precisa fazer aquilo várias vezes. O roteiro, na verdade, lembra um jogo de guerra. Afinal, em jogos muito difíceis ao morrer você volta a um checkpoint e aprende seus erros que o levaram a morrer. É basicamente esse o conceito presente no longa. Outra coisa interessante do filme é que ele não apresenta um final conclusivo e nem se propõe a o fazê-lo. O final, mesmo não fechando a história, foi o ideal para encerrar aquele arco da trama, pois além dali nada importaria mais. Não chega a ser um final de "explodir a cabeça", mas é um final que faz pensar e discutir com outras pessoas sua opinião sobre o que de fato aconteceu. Esse artefato usado é excelente e foi muito bem bolado pelos roteiristas. Talvez o único ponto fraco do roteiro seja o desenvolvimento dos personagens que foi meio superficial. Mesmo tratando-se de uma ficção científica com um tom devastadora, o filme apresenta alívios cômicos muito bem usados e extremamente divertidos. Desse modo, o espectador não se identifica com nenhum dos dois protagonistas da maneira que um filme desse tipo precisa.

A direção é de Doug Liman ("A Identidade Bourne"). Ele se mostra um diretor muito ousado, mas eficiente. Existem plano belíssimos onde ele solta a câmera no ar e deixa ela levar o espectador a se emergir na ação. Além disso, ele usa muito do artefato da câmera tremida, mas de uma forma orgânica que não atrapalha o filme. As cenas em batalha são muito bem coreografadas e o diretor consegue deixar a ação fácil de entender. Aliás, as cenas de ação são excelentes, muito bem filmadas e não são cansativas. Os efeitos especiais são bons, mas não são perfeitos. As atuações dos dois protagonistas estão boas. Tom Cruise demonstra esforço na caracterização de seu personagem, mas continua sendo o Tom Cruise de sempre. Talvez para esse filme a melhor escolha não fosse ele. Emily Blunt é o ponto alto do elenco, criando uma personagem sem muito desenvolvimento, de uma forma carismática e impactante. O filme possui uma direção sensacional, um roteiro ousado que propõe discussões, mas peca no desenvolvimento dos personagens e na escolha de seu protagonista.

Nota: 

- Demolidor

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