domingo, 9 de fevereiro de 2020

Palpites para o Oscar 2020

Chegou o dia do Oscar! Como todo cinéfilo, também tenho meus palpites para a premiação. Vou levar em conta os prêmios dos sindicatos (PGA, WGA, SAG, DGA, etc), além do próprio histórico do Oscar para definir meus palpites oficiais. Também comentarei um pouco sobre os meus favoritos. Então vamos à lista:

  • Melhor curta em live-action: Brotherhood - É o meu favorito ao lado de "A Sister". Acredito em sua vitória pelo teor da narrativa e pela imensa qualidade fotográfica.
  • Melhor curta em documentário: In the Absense - A forma como a história é conduzida através de entrevistas, áudios oficiais e imagens exclusivas potencializam o valor de produção e auxiliam na divulgação desse desastre tão impressionante. Provavelmente isso vai pesar na escolha da Academia, mas não seria surpresa se o vencedor do Bafta "Learning to Skateboard in a Warzone (If You're a Girl)" ganhasse aqui.
  • Melhor curta animado: Hair Love - Categoria extremamente difícil: as obras são excelentes. "Memorable" e "Sister" são meus favoritos por aliarem muito bem a proposta temática com a proposta visual. Aposto no ótimo "Hair Love" pela distribuição da Sony e pelo tema tratado, que se relaciona com paternidade, ausência e identidade negra.
  • Melhor filme em língua estrangeira: Parasita - Talvez a categoria mais fácil da noite. "Parasita" tem conquistado corações ao redor do mundo e essa é a sua vitória mais certeira.
  • Melhor animação: Toy Story 4 - Assim como a de curta animado, categoria divisiva. Meu preferido foi "Perdi meu Corpo", da Netflix, que conta uma história de maneira fantástica. Contudo, acho que a disputa está entre "Klaus" e "Toy Story 4". Vou com o último devido ao histórico da Academia em premiar filmes da Pixar.
  • Melhor documentário: American Factory - Não vai ser dessa vez que o Brasil vai levar o Oscar com "Democracia em Vertigem". Acho que o peso da divulgação da Netflix e o apoio da família Obama deixam "American Factory" com ampla vantagem. "For Sama" e "Honeyland" correm por fora. Não seria estranho se algum dos dois levasse.
  • Melhores efeitos visuais: Vingadores Ultimato - Outra categoria difícil de prever. "O Rei Leão" criou seus personagens do zero e "1917" tem todos os elementos técnicos reunidos em um primor visual. Ainda aposto no filme da Marvel como forma de reconhecer o filme com a maior bilheteria de todos os tempos.
  • Melhor mixagem de som: 1917 - Filmes de guerra tendem a levar as categorias sonoras. A disputa fica com o excelente trabalho de "Ford vs Ferrari", mas a aclamação em torno de "1917" o favorece.
  • Melhor edição de som: 1917 - Pode ser a forma de dar um prêmio para "Ford vs Ferrari" dividindo os vencedores das categorias sonoras. Ainda assim fico com o filme de Sam Mendes.
  • Melhor edição: Parasita - "Parasita" tem um ritmo perfeito e a montagem auxilia na composição de contrastes visuais importantes para a discussão em torno do filme. "Ford vs Ferrari" também tem boas chances.
  • Melhor fotografia: 1917- Mais um prêmio praticamente definido. A segunda estatueta para o ícone da indústria Roger Deakins.
  • Melhor canção original: (I'm Gonna) Love me Again, de Rocketman - A forma de amenizar a grande esnobada que o filme baseado na vida de Elton John levou como um todo. Vai ser legal ver o cantor ganhar mais uma estatueta.
  • Melhor trilha sonora original: Coringa - Também gostei muito da trilha de "História de um Casamento", mas o trabalho de Hildur Guõnadóttir é tenso, amedrontador e ajuda no ritmo do filme. Ganhou todos os prêmios até aqui e é a grande favorita da categoria.
  • Melhor design de produção: Era Uma Vez Em... Hollywood - A reconstituição perfeita da era de ouro de Hollywood deve pesar na escolha da Academia.
  • Melhor maquiagem/cabelo: O Escândalo - O meu trabalho favorito foi de "Coringa", mas um dos atributos de "O Escândalo" é deixar seus personagens praticamente idênticos àqueles que eles interpretam.
  • Melhor figurino: Adoráveis Mulheres - Filmes de época tendem a dominar essa categoria e, aqui, "Adoráveis Mulheres capricha na composição visual de suas personagens.
  • Melhor roteiro adaptado: Adoráveis Mulheres - A disputa é acirradíssima entre "Jojo Rabbit" e "Adoráveis Mulheres". Acredito que o prêmio fique com este como forma de valorizar o trabalho de Greta Gerwig - completamente esquecida na categoria de direção.
  • Melhor roteiro original: Parasita - Acho que vai ser o grande prêmio de "Parasita" na noite. Uma forma de valorizar a criatividade de Bong Joon Ho. Corre por fora Quentin Tarantino e seu "Era Uma Vez Em... Hollywood": ele já ganhou 2 vezes a categoria de roteiro e não seria surpresa se vencesse pela terceira vez.
  • Melhor direção: Sam Mendes, por 1917 - O conceito por trás de "1917" se dá pelo trabalho de Sam Mendes e seus planos-sequência. Outra vitória praticamente garantida, já que o diretor levou o prêmio do sindicato. Eu daria o prêmio para qualquer um dos outros 4.
  • Melhor ator coadjuvante: Brad Pitt, por Era Uma Vez Em... Hollywood - As categorias de atuação estão fechadas. Os 4 ganharam tudo até aqui. O prêmio de Brad Pitt vai para um boa atuação, entretanto representará sua carreira como um todo. Triste ver Al Pacino e Joe Pesci de fora, mas Pitt merece.
  • Melhor atriz coadjuvante: Laura Dern, por História de um Casamento - Ganhou tudo até aqui e interpreta uma mulher forte e multifacetada de maneira segura e sensível. Também merece o prêmio.
  • Melhor ator: Joaquin Phoenix, por Coringa - Chegou a hora da Academia reconhecer esse excelente ator. A sua atuação em "Coringa" é fenomenal, combinando fisicalidade, emotividade e entrega. É incrível observar como Phoenix acompanha a transformação de Arthur no Joker.
  • Melhor atriz: Renée Zellweger, por Judy: Muito Além do Arco-Íris - O prêmio vai para o reconhecimento do ícone de Judy Garland para além da atuação de Zelleweger, como aconteceu com Rami Malek e "Bohemian Rhapsody" ano passado. Meu voto seria para Lupita por "Nós" (que nem foi indicada) ou para Scarlett em "História de um Casamento".
  • Melhor filme: 1917 - É o voto da razão. Ganhou tudo até aqui. Torço para estar errado, pois "Parasita" e "O Irlandês" merecem muito mais. São obras mais completas, reflexivas e com denso conteúdo narrativo. Mas é muito difícil a Academia premiar na categoria principal um filme em língua estrangeiro ou um original Netflix. Fica aqui a minha torcida para estar errado.
Confira abaixo críticas de alguns dos filmes indicados ao Oscar 2020.
- João Hippert

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Crítica de "Jojo Rabbit"

E se não precisássemos falar sobre a Segunda Guerra Mundial de maneira trágica e dramática? Se, ao invés disso, embarcássemos em uma sátira genuinamente infantil, mas que, em nenhum momento, deixa sua mensagem de lado? São essas experimentações com a linguagem cinematográfica que deixam a sétima arte tão bonita. Seria muito enfadonho e desapontante se apenas tivéssemos super produções que tratassem das grandes batalhas. Claro, elas são importantíssimas, tanto a título de conhecimento, quanto a título de entretenimento. Mas o cinema não deveria se limitar somente a isso. Às vezes é preciso que a arte saia de seu lugar comum. E "Jojo Rabbit" tem isso como seu grande atributo: tratar um tema tabu de forma leve, mas não menos impactante. O grande responsável por esse projeto é Taika Waititi - diretor do excelente "O Que Fazemos nas Sombras?" e do divertido "Thor: Ragnarok". Aqui, Waititi parece demonstrar, de vez, a sua grande capacidade criativa e sua habilidade em contar histórias completamente fora da curva. "O Que Fazemos nas Sombras?", por exemplo, aborda uma família de vampiros vivendo na Nova Zelândia atual, em um estilo documentarista. Já em "Jojo Rabbit", Waititi acompanha a história do menino Jojo (Roman Griffin Davis) - um garoto de 10 anos completamente fascinado pelo nazismo e por Hitler que, inclusive, é seu amigo imaginário (sendo interpretado pelo próprio diretor Taika Waititi). O conflito surge quando o menino descobre que a mãe - interpretada por Scarlett Johansson - esconde uma menina judia no seu porão, fazendo com que um filme aparentemente bobo traga muitas discussões à tona.

Nesse sentido, o roteiro de Waititi em parceria com Christine Leunens brilha ao desenvolver a sátira na sua medida. Relembrando um pouco o humor utilizado por Mel Brooks em obras como "Primavera para Hitler", por exemplo, o filme apresenta de maneira muito acessível aquele universo. Tudo em "Jojo Rabbit" é praticamente colocado de uma forma infantil, nada é muito explicado. Assim, o apego com o protagonista é quase que imediato. Ainda que saibamos tudo o que o seu discurso nazista representa, também entendemos que trata-se de uma criança envolta em um ambiente de completa doutrinação ideológica. Jojo não teria como ser de outro jeito: ele é fruto do berço nazista onde nasceu. Para ele, o fato dos judeus serem tratados como monstros, capetas e afins é natural. Como uma criança de 10 anos poderia refutar isso, já que, inclusive, chega a aprender isso na escola? O primeiro acerto do longa é justamente esse: colocar o público imerso na realidade de Jojo de maneira leve, mas com um sub-texto fortíssimo, principalmente no que tange a crítica ao discurso nazista como um todo. E o segundo acerto é a introdução da menina judia na história. O contraponto existente entre Jojo e a menina é essencial para o desenvolvimento do protagonista e para o nascimento de um sentimento empático nele. A presença da menina, por ser tão natural, mostra para Jojo que os judeus talvez não sejam esses monstros. E o público identificar isso na jornada de um menino já faz valer o ingresso. O roteiro toma o seu tempo preciso para abordar as diversas questões concernentes ao discurso nazista. Mas, como já dito, nada é óbvio: todas as sutilezas estão imersas em um contexto puramente infantil. E, por falar nisso, a atuação de Roman Griffin Davis merece destaque: o garoto tem muito carisma. Ele consegue dizer muito através dos olhares, das reações: nada aqui soa forçado. Além disso, o menino tem um timing cômico muito oportuno, que, sob o comando da direção de Waititi, engrandece muito a experiência cinematográfica.

Desse modo, o filme é muito bem dirigido. É interessante notar como a câmera foca em determinados detalhes de modo a realizar rimas visuais oportunas. A visão dos sapatos da mãe, a figura do coelho, o ato de amarrar os sapatos. Tudo isso é mostrado de maneira aparentemente inocente na metragem, mas tais símbolos são essenciais para a construção de determinados arcos e para a mensagem do filme em si. Assim como o roteiro bem elaborado - tanto na premissa quanto nos diálogos - a direção também é sempre inventiva, dando ao filme uma capacidade de apreciação muito positiva. Ora, todo o design de produção, figurino e fotografia conversam muito: tudo é bem colorido e límpido. Diferentemente de outros filmes situados na Segunda Guerra que apelam para uma coloração mais escura e frívola, "Jojo Rabbit" aposta num tom jovial. Isso remete, mais uma vez, ao interesse em tratar a história sob uma perspectiva infantil. Ainda que Jojo seja influenciado pelo ideal nazista, ele também tem seus anseios de qualquer outra criança. A diferença está justamente nas suas descobertas e no que ele decide fazer com elas. Essa parte do filme me lembrou bastante "O Menino do Pijama Listrado": filmes baseados em diálogos para criar empatia entre os personagens. E, falando também sobre simpatia, deve-se enaltecer a personagem de Scarlet Johansson. 2019 foi realmente o ano da atriz. Aqui, ela desenvolve uma mãe super carinhosa, despojada e divertida que, aos poucos, vai demonstrando sua personalidade ao público. A grande sacada por trás da personagem está no fato de que descobrimos suas percepções acerca do nazismo através de Jojo. Nada é exposto gratuitamente. Dessa forma, o conflito interno da personagem se mostra deveras complexo: ela precisa demonstrar apoiar o nazismo para o próprio filho de 10 anos a fim de garantir a segurança de ambos. E a forma como Scarlett leva isso impressiona pela naturalidade demonstrada. Um atuação doce, amável, mas ao mesmo tempo resignada e forte.

Por fim, também devo ressaltar acertos de Taika quanto aos alívios cômicos. Além dos diálogos em si, o filme consegue criar momentos divertidos através da introdução de músicas de grandes artistas (Beatles, David Bowie) trazuidas para o alemão, além de tomadas em câmera lenta oportunas. "Jojo Rabbit" é importante para mostrar que certos assuntos não precisam ser tratados somente de maneira séria: o humor - quando bem construído - também é capaz de suscitar muitas reflexões. Talvez o único aspecto que tenha me incomodado no filme seja o seu ritmo um tanto quanto problemático. A transição entre o humor e o drama podem ter afetado na fluidez narrativa do longa, que aparenta ser maior do que realmente é. Mas, mesmo assim, é uma obra criativa que merece reconhecimento. "Jojo Rabbit" consegue trazer um olhar diferente à temática. Ao conceber uma comédia essencialmente infantil, Taika Waititi brilha no desenvolvimento de seus personagens, ao mesmo tempo que faz críticas necessárias, trabalhando, da melhor maneira possível, o potencial de uma ótima sátira histórica.

Nota: 

- João Hippert

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Crítica de "Joias Brutas"

Realmente é impressionante como as coisas podem mudar de uma hora para a outra na indústria cinematográfica. Adam Sandler estrelando um filme sério e sendo o dono do filme? Ainda que o ator tenha desempenhado um bom papel em "Embriagado de Amor", com PTA, Sandler tem a sua marca registrada nas comédias, que, por sinal, detêm um grande apelo do público em geral. Não é a toa que estamos falando de um dos atores mais conhecidos do mundo e seus conteúdos são sempre muito acessados. Na Netflix, por exemplo, os filmes que contam com a participação de Sandler possuem um alcance gigantesco. E espero que isso se estenda a essa nova produção, recém-chegada ao catálogo do streaming. Esnobado em praticamente todas as premiações de peso de Hollywood, "Joias Brutas" (do título original "Uncut Gems"), acompanha Howard (Adam Sandler) - dono de uma joalheria que vê a iminência de diversas coisas: um leilão importante se aproximando, a pressão pelo pagamento de uma dívida, um casamento se desfazendo. Aliás, é muito difícil explicitar uma sinopse básica para esse filme. O roteiro dos irmãos Safdie em parceria com Ronald Bronstein foca muito mais na apresentação do cotidiano de Howard ao invés de suas características em si. Aqui, não há espaço para diálogos expositivos: desde o começo somos impelidos a acompanhar a jornada de um homem repleto de obrigações a serem cumpridas, mas com um tempo não tão suficiente e vícios que o atrapalham.

À medida que o roteiro desenvolve as situações e os conflitos conseguimos entender melhor o personagem. Desse modo, a história se desenvolve de maneira frenética desde o início, sendo as situações casuísticas responsáveis pelo desenvolvimento de um personagem quebrado. Howard não parece ter certeza de nada: do casamento, do leilão, da joia em questão. E, assim, o filme nos convida a uma jornada tensa na vida de uma pessoa repleta de incertezas e totalmente mal resolvida com suas escolhas. Isso nos traz angústia, tensão e ansiedade, pois, apesar de Howard não parecer a melhor pessoa do mundo, o apego do público é inevitável. E é aí que chegamos na parte de enaltecer a excelente atuação de Adam Sandler. É impressionante a habilidade com que o ator carrega o filme nas costas. Toda a preocupação e a urgência são muito perceptíveis nos olhares do ator, no seu jeito de caminhar, no modo de atender o telefone. O ator também consegue trazer certos símbolos visuais para a construção do personagem muito oportunos. A presença constante do óculos, o uso de jóias no corpo, a presença de um aparelho no dente. Todas essas incorporações dão ao personagem um traço bem único, mas nada forçado. Sandler está completamente entregue ao papel e, desde o início, o público simplesmente esquece a persona por trás do ator. Em nenhum momento ele dá espaço para caricaturas ou alívios cômicos: a opção é sempre pela atenção. É uma pena que essa grande atuação não tenha sido reconhecido pela Academia, pois é, de fato, muito impressionante.

Como já dito, "Joias Brutas" é um filme que trata do cotidiano de um personagem teoricamente comum, mas exaltando a tensão e a urgência nas suas decisões. Assim, deve-se reconhecer o excelente trabalho de montagem que o filme realiza. A duração do longa é precisa, as transições são bem efetuadas e combinam muito com o trabalho de direção. A câmera dos irmãos Safdie também é um ponto alto da metragem: assim como o roteiro não se preocupa em respirar para apresentar os personagens, a câmera também não o faz. Tudo aqui é dinâmico: a movimentação dos atores, a movimentação da câmera, os cortes oportunos. Muitas vezes estamos situados dentro de um lugar específico, tal como a loja de Howard, por exemplo, mas nunca parecemos parados. A câmera faz questão de passear pelo cenário, o que, aliado a uma montagem ágil, potencializa o sentimento de urgência tão oportuno ao longa. Além disso, nas cenas que acompanhamos Howard na rua, por exemplo, a câmera brilha ao se tornar quase um personagem tentando acompanhar o protagonista. É como se estivéssemos tentando acompanhar o ritmo de alguém que tenha muita pressa. Desse modo, vale mais uma vez ressaltar a grande presença de Adam Sandler em tais cenas, demonstrando um comprometimento também com a fisicalidade e com os movimentos do personagem. Ainda falando da parte técnica, "Joias Brutas" conta com um trabalho de fotografia bem decente, que é mais visto nas cenas em um show noturno. Ali o filme tem uma de suas poucas pausas: ele foca em parte do show do The Weeknd e a câmera acompanha as diferentes partes da boate. Assim, o contraste entre o preto, o branco e o neon estabelecem quadros belíssimos, que demonstram um belo trabalho de fotografia.

 Além disso, vale ressaltar a trilha sonora que acompanha a toada do filme, sendo bem encaixada nos momentos oportunos. Ademais, o elenco de apoio é bem eficiente: todos os coadjuvantes conseguem contracenar de maneira satisfatória com Adam Sandler. Talvez o destaque vá para a participação de Kevin Garnett, ex-jogador de basquete da NBA que interpreta ele mesmo no filme. Toda a trama em torno do atleta é deveras interessante e serve como pano de fundo para desenvolver um lado da personalidade do protagonista Howard. Aliás, o que torna o filme tão incomum é justamente sua proposta narrativa: não estamos acompanhando uma única história linear. Acompanhamos a vida de Howard que é composta por diversas tramas secundárias. Nesse ínterim, é válido notar como cada coisa influencia no comportamento de Howard e em sua evolução como personagem. Trata-se de uma escolha ousada por parte do roteiro, mas que parece acertada. O roteiro brilha na apresentação de um personagem quebrado, mas carismático. E todas as reviravoltas que o script promove são acertadas e bem pontuadas, o que auxilia na manutenção da atenção do espectador. Tratam-se de 2 horas e 15 minutos na frente de uma obra muito especial: ágil, complexa e instigante. "Joias Brutas" não parece se deter em um gênero específico, mas foca na tensão e na urgência para prover uma experiência arrebatadora, contando com uma incrível e absoluta atuação de Adam Sandler.

Nota: 

- João Hippert