Talvez o grande acerto do filme seja a relação entre as duas protagonistas. Como uma freira extremamente católica prestes a fazer seus votos reagiria sabendo que seus pais eram judeus? O que torna a relação das duas tão interessante é que acompanhamos desde o momento em que as duas se conhecem.É perceptível o choque que as personagens causam uma na outra. Os conflitos entre elas são excelentes, muito bem escritos. Esses conflitos fazem pensar que trata-se de uma luta entre o bem e o mal, o que é certo e errado. Mas, o filme com uma sutileza do roteiro mostra que não existe nada disso. Mesmo a freira "quase santa" pode ceder a atitudes consideradas erradas e mesmo a juíza que cede facilmente a desejos carnais pode realizar alguma ação boa. No final, percebemos que apesar de serem tão diferentes, as personagens se complementam e são essenciais uma para a outra durante a história.
O roteiro talvez não possa ser considerado muito bom. A história em si é bem monótona e o espectador não se apega aos acontecimentos.É uma mistura de drama com road movie.A história em si não prende a atenção do público. O que realmente salva é a relação entre as personagens, que nos fazem refletir sobre a nossa própria vida. A atriz que interpreta Ida está em seu primeiro papel cinematográfico. É um papel bom, eficiente, mas que não merece destaque. Enquanto isso, a atriz da tia Wanda está excelente. A emoção passada por suas expressões faciais são claramente convincentes e o desenvolvimento que ela dá para a personagem é excelente. A direção do filme é de Pawel Pawlikowski. Ele usa em todas as cenas a câmera parada. Em nenhum momento do filme a câmera acompanha a movimentação dos personagens. Isso limita um pouco a área de atuação dos atores, mas a escolha consegue ser acertada devido à simetria presente. Os planos que o diretor usa, na maior parte das vezes, usa dum eixo simétrico para dividir a tela ao meio em duas partes iguais. Isso causa uma beleza insubstituível ao longa, ainda mais por este ter sido rodado em preto e branco. Aliás, a direção lembra muito os filmes antigos em preto e branco, onde a câmera permanecia sempre estática.
A montagem do filme é muito bem feita. As cenas têm exatamente a duração necessária. O filme dura apenas 80 minutos, mas é mais do que o suficiente. O roteiro infelizmente não é cativante e por isso o filme perde um pouco nesse quesito. Porém, devido a boas atuações, uma direção referencial e conflitos extremamente bem trabalhados o filme torna-se assistível e essencial para fãs de cinema europeu.
Nota:
- Demolidor
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