sexta-feira, 28 de março de 2014

Crítica de "Tudo por Justiça"

As histórias de vingança podem já estar muito mastigadas em Hollywood. Temos vários exemplos de filmes clássicos que abordam essa temática como o faroeste "Rastros de Ódio" de John Ford e até mesmo, filmes recentes excelentes que também abordam o mesmo tema como "Kill Bill" de Quentin Tarantino. "Tudo por Justiça" ("Out of the Furnace"), mesmo tratando-se desse gênero clichê consegue criar formas de não se ater ao habitual. O filme acompanha Russell Baze (Christian Bale), um operário de fábrica que um dia dirige alcoolizado e acaba preso. Russell, tem um irmão chamado Rodney (Casey Affleck) que lutou na Guerra do Iraque. Agora sem emprego, Rodney passa a fazer lutas clandestinas para ganhar dinheiro e acaba se envolvendo com o perigoso Harlan DeGroat (Woody Harrelson).

O roteiro do filme é escrito por Brad Ingelsby e Scott Cooper ("Coração Louco"). É com certeza um dos pontos fortes do filme. Em vez de desde o início o roteiro focar-se na vingança do protagonista, o roteiro exibe uma proposta muito mais interessante. Desde o início somos imersos no universo de Russell e passamos a torcer por sua família. A humanidade que é dada aos relacionamentos é tocante e extremamente bem feita. As relações entre os personagens são profundas e os conflitos gerados pelos diálogos assíduos são excelentes. O protagonista também é muito bem desenvolvido, afinal é impossível passar o filme sem torcer para ele, mesmo que seus atos não sejam tão coerentes. Logicamente não é um roteiro sensacional, mas devido à proposta a qual ele foi submetido, o lucro é enorme.

A direção também é de Scott Cooper. Sua direção é leve e não é perceptível. Os movimentos de câmera são usados para acompanhar o ritmo do roteiro, nunca tendo a ambição de mostrar tomadas longas e interruptas. Isso pode parecer uma crítica negativa à direção, mas mesmo sem inovações e movimentos ousados o diretor cumpre seu papel de forma eficiente. A fotografia do filme é pouco usada, mas esta também não teria valor pelo gênero do filme. O longa quase não apresenta efeitos especiais, mas a maquiagem é excelente. Outro ponto forte do longa é a qualidade sonora. Além das bem feitas mixagem e edição de som, o filme apresenta uma trilha sonora melancólica que realmente machuca o coração. A trilha sonora é colocada nos momentos certos, sendo responsável por acentuar os dramas do filme.

O elenco é definitivamente o ponto alto do filme. Christian Bale (o Batman) está muito bem no papel principal. Ultimamente ele tem usado muito de seu físico para demonstrar um bom trabalho como ao emagrecer no filme "O Vencedor" ou engordar no filme "Trapaça". Agora Bale usa seu corpo "normal", mas mesmo assim apresenta uma ótima interpretação que ajuda a criar uma identificação para com o público. O elenco coadjuvante está sensacional. O maior destaque é de Woody Harrelson ("Jogos Vorazes") que faz a figura de um vilão espetacularmente. As cenas em que o personagem está presente sempre dão uma apreensão ao público pelo fato de sua imprevisibilidade. O elenco coadjuvante também conta com excelentes nomes que não possuem muito tempo de tela, mas que demonstram um ótimo trabalho quando o fazem como Willem Dafoe, Zoe Saldana, Forest Whitaker

Apesar do filme se propôr a tratar de uma vingança, ele nos dá mais do que isso. O roteiro bem trabalhado, o "casting" muito bem feito e a direção simples e eficiente tornam-o um bom filme. Trata-se de um bom entretenimento que faz críticas profundas sobre a ação da guerra na mentalidade do homem, da ineficiência da polícia perante a grandes traficantes, além de outros assuntos delicados presentes na região em que "Tudo por Justiça" se passa. O longa apresenta situações dramáticas bem construídas com personagens icônicos interpretados por atores indiscutivelmente acima da média.

Nota: 

- Demolidor

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