sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A filosofia por trás de "Into the Wild"

"Into the Wild". Filme americano de 2007, dirigido por Sean Penn. Indicado a 2 Oscar e muito bem avaliado em sites de cinema como o IMDB. Porém, infelizmente, não é um filme de que se ouve falar tão frequentemente. O filme conta a história de Chris, um jovem que foge de casa em direção ao Alaska, na busca de aventuras selvagens. Se mais da história for contada a experiência pode ser prejudicada. Trata-se de uma história real ocorrida na década de 90. Mas, por que "Into the Wild" é tão especial?

Primeiramente, o filme é um dos poucos da era moderna do cinema que consegue realmente mexer com as emoções e com os pensamentos do público. Não é um filme que se apresenta apenas como um divertimento, mas sim tem o desejo de deixar o espectador incomodado. Cada um acaba de ver o filme reagindo de uma forma, atribuindo tal personagem a tal pessoa com a qual se relaciona ou fazendo uma autorreflexão sobre os meios como os relacionamentos interpessoais estão sendo dirigidos. Apesar de apresentar uma premissa de solidão, um dos grandes pontos fortes do filme é explorar o relacionamento das pessoas que passam pela estrada de Chris. Dessa forma, o protagonista serve como uma espécie de narrador testemunha dos fatos apresentados. E, mesmo durante pouco tempo, existe uma identificação muito forte com todas aqueles personagens. O casal de "hippies" que demonstram a dor que o amor pode causar, mas ao mesmo tempo a união proveniente desse sentimento. A dureza de uma vida de um velho solitário que precisa se agarrar a alguém no presente para esquecer os fantasmas do passado. Nesse quesito trata-se de um filme muito rico em profundidade. O segredo dessa identificação toda é que o filme é extremamente humano e emocional. As relações são baseadas na verdade e por isso não são artificiais como se vê normalmente. O longa também apresenta questões importantes sobre a sociedade. O desejo de ser bem visto por todos, de conseguir uma ascensão social são ridicularizados por Chris. Valores como uma verdadeira amizade ou um prazer de tomar um banho num rio são os mais prezados no filme. São estes que realmente importam, que fazem alguém ser alguém de verdade. Afinal, o que vale possuir um belo diploma na faculdade, se não souber se relacionar com as pessoas? Se não entender a real importância da natureza. Esses diplomas e classes sociais são coisas extremamente fúteis perante a grandeza do espírito humano.

Dentre as inúmeras críticas sociais, uma é extremamente importante: a que se refere à família tradicional. É visível como uma família unida por laços não afetivos, mas sim convencionais está fadada ao fracasso. Dessa forma, uma criança que cresce em meio ao caos passa a não sentir identificação por um dos bens mais importantes na construção da moralidade de uma pessoa. E, por isso, precisa buscar em outros lugares uma forma de conforto, de alívio. Assim, começa a jornada de Chris. Uma autodescoberta de si mesmo, sem as mentiras impostas por sua família e pela sociedade no geral. Outro tema bastante abordado é a ideia de felicidade. E claramente esta não vem dos bens materiais, mas sim do contato com a natureza, das relações bem construídas e do amor em geral. O filme apresenta grupos não aceitos na sociedade padronizada como os hippies e os nômadas tendo uma vida muito mais feliz do que o padrão "correto". Isso nos faz pensar: "Será que eu realmente estou no caminho certo para a felicidade? Ou estou num caminho de felicidade ilusória?". É essa a relevância do filme: fazer com que cada um pense como está vendo o mundo e agir para mudar isso.

Portanto, o filme serve como uma grande crítica à alienação e aos valores sociais impregnados na sociedade atual, demonstrando que o verdadeiro amor e a verdadeira felicidade não dependem dos outros, mas sim de você e só você. "Into the Wild" pode ser considerado um "Clube da Luta" moderno, com questões atualizadas sobre escolhas da vida e relações interpessoais, mas tão profundo quanto e muito intenso ao mesmo tempo. A fotografia é simplesmente maravilhosa, uma explosão de cenários bonitos e a trilha sonora proveniente do álbum de Eddie Vedder é extremamente tocante. Mas o real motivo que deve motivar todos a verem esse filme é aquilo que tem de não convencional, a filosofia por trás do longa que mistura elementos de pensadores como Tolstoy com elementos da sociologia moderna e que fazem com que "Into the Wild" seja um grande estudo do psique humano.

- Demolidor

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Crítica de "Missão Impossível - Nação Secreta"

Quase 20 anos após o lançamento do primeiro filme uma conclusão: nenhum longa sucessor superou o primordial "Missão Impossível". Trata-se de um filme de gênero que introduziu conceitos novos ao cinema, restabeleceu o papel do protagonista, mostrou cenas de ação impactantes, além de contar com uma direção magistral de Brian de Palma. Se por um lado a franquia não consegue superar seu filme inicial, nenhum capítulo da série Missão Impossível pode ser considerado ruim. Mesmo os filmes não tão profundos em termos de roteiro propuseram cenas de ação dignas e enalteceram o papel de Tom Cruise, que por si só faz valer a pena cada filme. Chegamos então em 2015 com a proposta de um novo longa-metragem para uma franquia que vem crescendo seu número de bilheteria a cada novo trabalho. No filme, a organização IMF (Impossible Mission Force) liderada pelo agente Ethan Hunt (Tom Cruise) tem seu trabalho ameaçado pelo diretor da CIA (Alec Baldwin). Por outro lado, Ethan e seu grupo precisam deter uma organização terrorista denominada Sindicato. Para isso, eles precisam trabalhar às avessas, dotando apenas da ajuda de alguns amigos e muito treinamento.

O roteiro é escrito por Drew Pearce ("Homem de Ferro 3") e Cristopher McQuarrie ("Jack Reacher-  O Último Tiro"). Não trata-se do ponto forte do filme, porém cumpre seu papel de forma bem feita. O filme apresenta uma história de espionagem com elementos como agentes duplos, planos mirabolantes e situações inesperadas. Dessa forma, apresenta-se uma gama de oportunidades para uma possível incoerência de roteiro. Porém, este é muito regular. Todas as propostas que o filme promove são resolvidas e todas as tramas são fechadas. Por tratar-se de um produto de uma franquia grandiosa, existe sempre a possibilidade de mais continuações e, devido a isso, o roteiro é "obrigado" a deixar ganchos para próximos trabalhos. Porém, este não o faz. Apresenta todos os elementos da narrativa nesse filme, inclusive os vilões e os desafios do herói e tudo é solucionado no mesmo. Apesar de ser uma história tão compacta e bem fechada não impede a realização de continuações. O longa apresenta então a fórmula que todo filme de franquia deveria apresentar: uma preocupação em contar uma boa história de cada vez, sem ficar dividindo em partes um, dois e, até mesmo três. Os diálogos ão muito bem escritos e remetem a uma espécie de humor britânico imortalizado nos filmes do famoso espião 007. Aliás, "Missão Impossível" serve bem como uma resposta americana à tão aclamada franquia inglesa, porém com originalidade e estilo próprio

O ponto forte (como em qualquer outro longa da franquia) é Tom Cruise. Independente de sua qualidade como ator dramático ("Magnólia" e "De Olhos bem Fechados" já demonstram seu talento) que é discutida por pessoas no mundo todo, Tom Cruise se liberta durante as gravações de Missão Impossível. É nítido o seu empenho em tornar o filme cada vez melhor e mais realista. Não obstante, todos já sabem das cenas de ação praticamente impossíveis que o ator (já nos seus 50 anos) realiza sem a ajuda de dublês. Tais cenas promovem o filme de tal forma que convocam o público até as salas de cinema. Portanto, Tom Cruise realiza um excelente papel de marketing no filme, apenas promovendo o desejo das pessoas de verem cenas grandiosas onde o ator realmente viveu na pele. Segundo ele, este é o cinema de verdade, onde tudo é feito "realmente" e não por efeitos computadorizados.  O fato de ser o 5° filme da franquia e do núcleo principal continuar o mesmo ajuda muito na identificação com o público. Luther (desde o primeiro) e Benji (desde o terceiro) são personagens extremamente caricatos que funcionam como alívio cômico ao mesmo tempo que dão para o grupo uma espécie de relação de família, onde é plausível a amizade entre os personagens. Além destes, acontece o retorno de Brandt (Jeremy Renner) que foi apresentado no Protocolo Fantasma. Seu retorno também ajuda ao filme, principalmente pela qualidade grandiosa do ator.

A franquia apresenta sempre diretores aclamados ou promissores em sua história: Brian de Palma ("Scarface"), John Woo ("O Matador"), J. J. Abrams ("Além da Escuridão - Star Trek") e Brad Bird ("Os Incríveis"). Todos estes ao serem incluídos na série já haviam demonstrado talento em trabalhos anteriores. Todavia, ganharam muita liberdade para dar aos filmes seus toques pessoais. É possível claramente perceber o estilo de direção variando de filme para filme. O diretor da vez é Cristopher McQuarrie. Apresenta apenas poucos filmes em seu currículo, dentre eles o mediano "Jack Reacher - O Último Tiro". Aqui, porém, o diretor faz um trabalho decente. As cenas de ação são muito bem filmadas e mantêm o nível preexistente na franquia. Além disso, o diretor consegue criar tensões durante o filme que incomodam (de um jeito bom) o espectador. Cristopher consegue também fazer um trabalho muito bom com a edição sonora do filme, pois a trilha está muito bem encaixada. E por falar em trilha sonora, como não citar o tema principal? Já virou um ícone da franquia e em 2015 apresenta-se nas horas devidas. A direção, portanto é satisfatória, mesmo o diretor não apresentando um traço tão original.

Outro ponto típico da franquia é a mudança constante de cenários. Aqui não é diferente. O filme passa-se em Viena, Londres, Cuba e até mesmo no Marrocos. Essa troca constante de países reforçam a ideia de uma organização poder ter tanta mobilidade pelo globo através de sua influência. O desejo de ver o filme veio da divulgação das cenas de ação de Tom Cruise. Porém, o longa entrega muito mais que isso e reforça a ideia da franquia ser uma das mais acertadas da atualidade. O filme apresenta trilha sonora envolvente, reforça o papel do ator numa produção cinematográfica, apresenta um humor sarcástico bem trabalhado, além de corresponder às expectativas nas cenas de ação, provando, mais uma vez, que "Missão Impossível" é a franquia definitiva dos filmes de ação escapistas e de espionagem.

Nota: 

- Demolidor

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Crítica de "Quarteto Fantástico"

Quarteto Fantástico. Grupo bem conhecido pelo público geral, podendo até ser um dos mais famosos. Essa popularidade deve-se muito aos filmes de 2005 e 2007 ("Quarteto Fantástico" e "Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado" respectivamente). Esses filmes apesar de serem pífios para a crítica e até mesmo desrespeitosos para os fãs "originais", geraram certa popularidade para o grupo. Este que foi um dos pilares na Marvel dos anos 60, sendo até o primeiro grupo de heróis da editora. Foram anos mágicos de histórias mirabolantes e que atraíram milhares de fãs. Conseguiram consolidar o universo Marvel nas HQs e bater de frente com a principal rival DC Comics (que na época já era um sucesso com o Batman e Superman). Mas, a pergunta que não quer calar é: por que heróis tão importantes na história da indústria do entretenimento não conseguem um filme digno? Até mesmo os Guardiões da Galáxia, grupo até o ano passado desconhecido, possui um filme extremamente divertido tanto para a massa quanto para os fãs e até mesmo para a crítica. Por que não Quarteto Fantástico? Josh Trank tentou responder a essa pergunta. Com uma premissa de renovação do grupo, o longa acompanha desde a infância/adolescência de Reed Richards (Miles Teller) e Ben Grimm (Jamie Bell) até se encontrarem com o dono do Instituto Baxter (escola para super gênios), Franklin Storm (Reg E. Cathy) e sua filha adotiva Sue Storm (Kate Mara). Esse encontro acontece numa feira de ciências onde ambos decidem unir seus projetos relacionados a viagem interdimensional.

Logo no início já percebemos que é uma tentativa de quebrar a tradição do grupo. Fazer com que Sue e Johnny sejam irmãos adotados, dar uma nova perspectiva da origem da mutação, tudo altera-se comparado ao material original. Isso pode até ter afetado alguns fãs, mas trata-se de uma visão do diretor que merece ser avaliada de acordo com a história. Porém a história é ridícula. O roteiro é totalmente sem ritmo. Faz com que o espectador fique o filme inteiro esperando por uma cena que não chega. E quando existe a possibilidade de um vilão bem feito (Doutor Destino), este perde toda a credibilidade. Após uma cena extremamente empolgante com o vilão, ele é rapidamente resolvido. Trata-se de um dos maiores vilões do Universo Marvel! E o tempo de tela dele é tão curto quanto uma aparição do Stan Lee. Por falar em Stan Lee, mesmo sabendo que os direitos do filme pertencem a FOX, espera-se uma pequena aparição do criador disso tudo. Porém ele não aparece nenhuma vez no filme. E além disso, não existe nenhuma cena pós-créditos. Parece que os roteiristas simplesmente esqueceram de que o filme faz parte da Marvel e resolveram fazer um filme independente. Se fosse para fazer tal filme não seria necessário o peso do nome do Quarteto Fantástico. Mas nem tudo no filme é tão ruim assim. A química entre os personagens é muito boa e em termo de tom este longa é melhor que seus dois esdrúxulos antecessores. Além disso, o roteiro apresenta questões profundas sobre reconhecimento científico como por exemplo ninguém saber o nome do engenheiro que projetou a Apolo 18, mas todos saberem o nome de Neil Armstrong por ser o primeiro astronauta na Lua. Trata-se de uma reflexão sobre mérito e sobre a indústria expositiva dos ídolos. Mas mesmo com um conceito tão rico, este foi deixado de lado durante todo o filme.

A direção é de Josh Trank. Anteriormente ele havia dirigido "Poder sem Limites". E assim acaba sua filmografia. Um diretor com a experiência de apenas um longa em seu currículo teria capacidade para dirigir um blockbuster com tal orçamento? A resposta é não. Sua direção é confusa e não sabe onde é preciso um enfoque da história. A direção é como um leque aberto, onde várias histórias são abertas, mas no final poucas se fecham. Além disso, o trabalho com um orçamento tão alto não fez bem para o diretor que fez sua fama com a câmera na mão de "Poder sem Limites". Muitos efeitos foram mal acabados e tão artificiais que percebe-se que são efeitos. Com um ano com filmes como "Jurassic World" (praticamente impecável em relação a montagem e aos efeitos especiais"), Quarteto Fantástico apresenta sérios problemas. Não parece um filme de 2015. A única coisa que o visual do filme fez bem foi a fisionomia de cada personagem. O Coisa está de certa forma mais realista e os poderes de todos heróis foram bem explorados. Até agora parece que o único ponto bom do filme foram os personagens, não é mesmo? E é exatamente isso que salva o filme de um desastre total. Além de um visual bem feito e tramas interessantes, os personagens são interpretados por atores em grande forma. Atores da nova geração de Hollywood que mostraram um competente trabalho em suas interpretações, porém sem um roteiro bem acabado e uma direção segura são um talento desperdiçado.

Trata-se de uma das maiores decepções do ano. Um filme que foi despretensioso ao ponto de contar uma história monótona do início ao fim e acontecimentos previsíveis. Tudo bem que trata-se de um filme de origem e que primeiro precisa-se estabelecer o universo para depois criar a história, mas aqui o universo é construído de forma apressada e a história não passa nada de interessante. Talvez o elenco bom, sob uma direção competente possa vir a fazer continuações melhores. Mas, em 2015, somos presenteados com uma espécie de "Quarteto Fantástico Origins" que nos faz sentir saudade das piadas bobas com o Coisa no filme de 2007.

Nota: 

- Demolidor

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Crítica de "Selma: Uma Luta pela Igualdade"

"Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação  onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho  um sonho hoje!" Quando lê-se esse discurso, todos já sabem de quem se trata. Martin Luther King Jr. Uma das figuras mais importantes da história mundial, ativista em prol da defesa dos direitos civis dos negros, ganhador do prêmio Nobel da paz. Um dos homens mais importantes do século XX. King já foi tema de alguns filmes sobre seu trabalho inteiro, mas aqui é muito específico. O filme acompanha a luta dos negros em Selma, Alabama pelo direito de votar.

Trata-se apenas de uma das conquistas de Luther King em sua jornada contra a desigualdade racial nos EUA. Mas isso não desmerece sua figura. Pelo contrário. Mostra como ele se entregava em suas lutas e fazia o melhor possível para vencê-las. Discutía com chefes de estado (até mesmo com o presidente) e fazia discursos maravilhosos a fim de mobilizar a população. O roteiro do filme tem a habilidade de retratar Martin da maneira mais fiel possível. A partir do momento que emergimos naquele mundo passamos a nos importar com a luta dos negros. Chega até a dar nojo das atitudes de algumas autoridades e da população local. O roteiro consegue passar a mensagem de sacrifício e luta que os negros passaram para terem seus direitos aprovados até que no final sejam recompensados num momento de glória. É difícil analisar o roteiro impassionalmente, pois seu objetivo é retratar uma luta extremamente desumana e nos mostra como determinados personagens foram tão empenhados na luta, entregando sua própria vida em troca da liberdade. O mérito perceptível que o roteiro apresenta é de tornar o filme dinâmico. Apesar de ser um tema deveras político, não existe aqueles momentos enteidantes. O roteiro sempre consegue prender a atenção do espectador.

A direção é de Ava DuVernay. É uma direção extremamente corajosa. Ela usa de tomadas que focam nas expressões dos personagens em momentos dramáticos que são belíssimas. Além disso, a diretora não esconde as cenas de sofrimento. Ela configura-se como uma diretora que incomoda. Isso não é ruim, pelo contrário. Através da cena o espectador fica enojado com tudo aquilo e seu senso de realidade aumenta. Trata-se de um excelente trabalho de direção. A diretora também faz uma crítica explícita a sociedade da época, extremamente corajosa. Enquanto filmes como "Sniper Americano" enaltece a figura do herói americano, Selma rebaixa os valores morais do país. Não é que o filme critique o país inteiro, mas critica vorazmente a postura das pessoas em relação ao racismo.

Dessa forma, "Selma" configura-se como um filme extremamente importante, ao tratar de assuntos até hoje muito ocultos e dando uma posição imparcial sobre ele. Conta com uma atuação espetacular de David Oyelowo (esnobado no Oscar) e trilha sonora fantástica. Destaque para as músicas escolhidas para o longa dentre elas a música "Glory" de John Legend e Common. Um roteiro que consegue prender a atenção do espectador e uma direção que incomoda. Uma aula sobre como fazer fimes baseados em fatos reais, onde os fatos são realmente reais diferentes de filmes como "O Jogo da Imitação". Esquecido no Oscar, Selma é um dos melhores filmes do ano e precisa ser visto não só pelos amantes de cinema, mas pelos amantes da humanidade.

Nota: 

- Demolidor

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Crítica de "Sniper Americano"

Clint Eastwood. Com certeza, um dos diretores mais surpreendentes da história do cinema. Quem iria imaginar que aquele ator sem muito talento dos velhos filmes de faroeste poderia se tornar em um diretor tão profundo? Clint surpreendeu a todos, fazendo história no cinema moderno com excelentes filmes como "Menina de Ouro" e "Gran Torino". No gênero de guerra, Clint mostrou-se um diretor afiado a debater assuntos controversos, apresentando os dois lados da história nos filmes "Cartas de Iwo Jima" e "A Conquista da Honra". Um diretor que no auge dos seus 85 anos continua dirigindo e produzindo filmes dignos de premiações. Com essa bagagem inteira nas costas, chegamos a Sniper Americano. O filme conta a história de Chris Kyle (Bradley Cooper), o atirador de elite mais letal da história do exército americano que fez seu nome ao lutar na Guerra do Iraque.

Apenas pela premissa dá pra perceber que o filme é extremamente patriótico. Isso é um pouco decepcionante ao falar do diretor, que costuma apresentar as histórias de um modo imparcial. Aqui não existe nenhum momento que a guerra é criticada com clareza, e os americanos têm sempre a figura de um herói, enquanto os iraquianos são sempre os vilões. Como recurso do roteiro é um trabalho notável, pois o público consegue criar uma identificação com os personagens principais. Porém tratando-se de uma história real é uma manobra muito arriscada, pois muitas pessoas interpretarão a Guerra do Iraque como válida e apoiará os EUA. Esse é o principal fator que impede o filme de ser histórico: a política. O roteiro, aliás, descontando o patriotismo é fantástico. Consegue apresentar a história do protagonista sem enrolar muito e cria uma imagem heroica na qual o espectador se agarra rapidamente. Além disso, debate um tema constante na Guerra: o abalo psicológico dos soldados. O roteiro consegue apresentar isso numa forma muito clara, nas tomamadas de decisões e nas mudanças de comportamento que os personagens apresentam. É um tema que já foi mostrado em clássicos como "Apocalypse Now", mas é bem adaptado aos dias atuais.

A direção de Clint Eastwood é notável. As transições que ele usa de uma cena para a outra, o contraste de cores são artifícios muito usados pelo diretor. Além disso, Clint é um diretor muito detalhista e enfoca em alguns elementos interessantes. Existem duas cenas que o diretor foca em terroristas usando roupas de marcas americanas como "Nike" e "Adidas". Isso é um crítica implícita, e mostra como a guerra é mais comercial do que qualquer outra coisa. Clint porém, não se apresenta como aquele diretor notável devido a grande propaganda política que o filme é, mesmo mostrando-se um excelente diretor de cenas dramáticas (possivelmente o melhor da atualidade nesse quesito). A história de Chris Kyle com certeza é fantástica, mas o modo como foi passada para as telonas é americanizado demais. É até compreensível, afinal trata-se um filme americano sobre um herói americano, mas tratando-se de Clint Eastwood esperava-se algo mais.

Bradley Cooper é a grande surpresa do filme. Apesar de ter se mostrado um bom escolhedor de trabalhos nos últimos anos, sendo indicado a 3 Oscars seguidos, é aqui que Cooper faz valer suas indicações. O ator carrega o filme inteiro nas costas e sua atuação é fantástica. Ele capta o espírito caubói do personagem, usando de cacuetes da região, além de fazer um sotaque diferente. Fisicamente, Cooper se preparou bem e durante o filme convence como um militar de elite. Mas, onde o ator realmente surpreende são nos conflitos psicológicos, onde o ator consegue passar muita emoção. É perceptível como Bradley Cooper se entregou ao papel e realmente encarnou Chris Kyle. O elenco de suporte também está muito bem, mas o destaque sem dúvidas é Bradley Cooper.Trata-se de um excelente filme de guerra, com um personagem bem apresentado e interpretado. O grande problema do longa é a política por trás dele.

Nota: 

- Demolidor

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Crítica de "A Teoria de Tudo"

Stephen Hawking é, sem dúvida, um dos maiores gênios da atualidade. Sua vida é repleta de atos de superação e, como Hollywood (e o Oscar) adora esse tipo de história, temos como indicado a melhor filme esse ano “A Teoria de Tudo”. O filme mostra um trecho da vida de Hawking. Desde o descobrimento da doença até a publicação de seu primeiro livro “Uma Breve História do Espaço-Tempo”, quando a esclerose lateral amiotrófica já se encontrava num estado avançado.

O longa foca, principalmente na relação de Stephen com Jane. Isso resulta no maior problema do filme (pelo menos para mim). O espectador vai ao cinema muito mais interessado em conhecer o trabalho de um dos maiores físicos de todos os tempos do que em conhecer sua vida amorosa. Claro, é mostrado parte de seu trabalho, mas o foco aqui é claramente o romance entre os dois. O que talvez pode deixar alguns espectadores frustrados.

Eddie Redmayne interpreta Stephen numa atuação completamente física. A maneira como o ator capta os diversos estágios da doença é brilhante. O jeito que ele se contorce e a forma como ele passa emoção mesmo quase sem se mexer também é incrível. Ele está indicado a Melhor Ator, mas não votaria nele. Além de preferir as performances de Cumberbatch (Jogo da Imitação) e Keaton (Birdman), acredito que Redmayne ainda é muito jovem e que, se continuar desse jeito, ainda concorrerá muitas outras vezes.

Felicity Jones faz Jane Hawking, a mulher de Stephen. Sua atuação também é muito boa. A grande verdade é que Jane só casou com Hawking porque sabia que ele morreria em dois anos, e queria dar os melhores dois anos para o marido. Porém, quando o tempo começou a passar, e Stephen aguentavou a doença, Jane se viu num dilema. Afinal ela não queria passar a vida inteira cuidando de Hawking. Felicity nos passa esse dilema através de sua performance. Ela também está indicada a Melhor Atriz, mas também não deve ganhar. Existem candidatas mais fortes na categoria também, como Julianne Moore (Still Alice) e Reese Witherspoon (Wild).

A direção é de James Marsh. Pode-se dizer que ele cria um filme visualmente muito bonito usando bastante as cores e o foco. Além disso, ele conduz muito bem os atores, o que é muito difícil, principalmente quando se trata de atuações gradativas. Mesmo assim, a direção e o roteiro perdem pontos por focar demais no relacionamento e muito pouco no trabalho do físico. Afinal, o filme é baseado no livro que a esposa de Hawking escreveu.

No final, “A Teoria de Tudo” é um bom filme. Tem uma indicação merecida a Melhor Filme, mesmo com poucas chances de ganhar. Com atuações excelentes, o filme retrata de uma forma tocante a vida de um dos maiores gênios da atualidade. Porém, não se pode dizer que esse é o retrato definitivo de Stephen Hawking.

Nota: 

- Bilbo

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Crítica de "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)"

"Birdman". Difícil falar sobre um filme tão simples e,ao mesmo tempo,tão complexo. É uma daquelas obras que continuam no inconsciente do espectador mesmo muito tempo depois de ser assistida. Um filme que se apresenta como uma verdadeira obra de arte e que desfila sobre a telona do cinema num ritmo agradável, apresentando seu mundo ao espectador e fazendo com que ele emerga nele. É um daqueles longas difíceis de serem avaliados ou criticados, pois trata-se de uma crítica social poderosa. É um filme que serve como entretenimento, mas muito mais que isso mexe com as emoções,ao mesmo tempo que mexe com o intelecto do público. Simplesmente fantástico. O filme acompanha Riggan (Michael Keaton) um ator famoso nos anos 90 por interpretar o herói Birdman nos cinemas. Riggan, então, decide provar seu verdadeiro valor artístico através de uma peça da Broadway.

A premissa do filme parece bastante simples. Trata-se de um ator em busca de reconhecimento artístico. Isso pode ser aplicado muito bem ao ator Michael Keaton que é taxado como o Batman do Tim Burton. O filme serve como uma alusão ao próprio protagonista. Mas o longa vai além disso. Não chega a ser uma crítica ao entretenimento para as massas (os famosos "blockbusters"), mas sim a forma como essas obras são tratadas pelos que se autodenominam "verdadeiros artistas". O filme mostra de uma forma muito clara o desprezo que os críticos e os atores teatrais têm por essas obras que não são artísticas, servem apenas para entreter a massa. O filme porém não segue o pensamento desses personagens. Muitas vezes o roteiro rebate essa ideia, mostrando que mesmo os filmes blockbusters têm seu valor. Além disso, a verdadeira crítica está no fato de Riggan querer ser aceito na sociedade artística. Não satisfeito com o fato de ser conhecido como o Birdman, o ator faz de tudo para proporcionar uma obra na qual seu trabalho seja reconhecido. O roteiro mostra que o ator não faz isso por amor (é claro que ele gosta do que faz), mas a principal razão é o reconhecimento das pessoas. O fato dele querer mostrar para o público que existe um grande ator por trás da máscara. E é assim que o roteiro torna-se genial: expressando os conflitos psicológicos de Riggan, usando de personagens como sua filha Sam (Emma Stone) e seu parceiro de cena Mike (Edward Norton) como vértices de sua obsessão.O filme também traz o espectador ao mundo dos blockbusters, mostrando na TV ao fundo uma entrevista de Robert Downey Jr, ou citando que Michael Fassbender está fazendo um novo "X-Men". Nota-se que os atores mostrados ou citados são excelentes (inclusive artisticamente falando). Um roteiro brilhantemente pensado e que se for notado cada detalhe estaria escrevendo isso por dias.

A direção é de Alejandro González Iñárritu ("Babel"). Ele faz um trabalho excepcional. O filme inteiro é filmado através dos planos sequência. Ele consegue trabalhar com a câmera duma forma que ela torna-se o público. Grande parte do longa situa-se no teatro onde a peça vai ser apresentada, e a câmera flui através dos camarins, dos palcos, parando somente em diálogos entre os atores. Isso faz com que o filme tenha um quê de realista, pois a direção não é cronometrada, ela deixa-se levar pelo ambiente contando a história de sua forma. Além disso, o diretor consegue manusear a câmera em algumas cenas para extrair o máximo da performance de seus atores. O filme apresenta alguns efeitos especiais e estes são extremamente bem acabados. Surpreendentes até, por tratar-se de um filme sem muito dinheiro investido. Alejandro apresenta uma direção desafiadora e o filme mostra o esforço necessário para essa realização.

O elenco está fantástico. Michael Keaton apresenta-se com a melhor intepretação do ano. Sua atuação é praticamente indescretível. Ele consegue realmente viver o personagem e ajuda assim ao público emergir na história e esquecer realmente que trata-se de um antigo Batman. Trata-se do papel mais artístico de Keaton e ele não deixa a chance escapar. Faz um trabalho digno de reconhecimento. Aliados a ele, Emma Stone e Edward Norton fazem um excelente trabalho de suporte, tendo seus momentos de destaque. É um elenco muito bem selecionado e que mostrou-se bastante entrosado. Birdman é um daqueles filmes que mesmo se não for premiado ficará na memória daqueles que o assistiram como uma obra satírica, sarcástica e até mesmo inovadora.

Nota: 

- Demolidor

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Crítica de "O Jogo da Imitação"

Se está na moda cinebiografias dramáticas, eis mais uma. Associada ainda com o tema Segunda Guerra Mundial? Teria tema mais clichê? Quem fez essa pergunta se surpreendeu ao conhecer o filme "O Jogo da Imitação". O filme conta a história de Alan Turing (Benedict Cumberbatch), o gênio matemático que descobriu o código nazista usado na máquina Enigma. Essa descoberta, segundo os historiadores,encurtou a Guerra por dois anos, salvado 14 milhões de vidas.Trata-se de um dos maiores heróis de guerra da história mundial! E você provavelmente nunca ouviu falar em Turing. Isso tudo porque essa brilhante e emocionante trajetória foi mantida em sigilo por mais de 50 anos. Muito tempo depois de falecido é que a história de Turing veio a tona. Primeiro no livro de Andrew Hodges e agora nas grandes telonas.

O roteiro é de Graham Moore. Trata-se de um roteiro brilhante. O roteirista consegue apresentar os fatos reais de uma forma bastante dinâmica. Provavelmente os fatos reais demoraram para se desenvolver, com grandes intervalos entre grandes acontecimentos. No filme,os personagens possuem relações interessantíssimas. O círculo de pessoas em volta da descoberta do código está em constante conflito e o roteiro cria uma tensão entre os personagens primorosa. Além disso, a personalidade de Alan Turing é muito bem apresentada. Existe um outro lado de Turing que o filme apresenta bem: seu lado homossexual. E o filme apresenta esse lado de uma forma tão sutil que não nos surpreende. E mais: o roteiro consegue criticar a sociedade homofóbica da época por meio de diálogos e reações dos personagens.Além disso constrói toda a personalidade de Turing por meio de acontecimentos de sua vida (o filme passa-se em tres momentos distintos da vida do matemático). O roteiro tem o mérito, portanto, de dar um ritmo agradável ao filme, prendendo a atenção do espectador e criando um vínculo com os personagens.

A direção é de Morten Tyldum. Ele apresenta uma direção muito consciente. Sem apresentar enormes tomadas e planos sequências devastadores, o diretor mostra-se preocupado com acompanhar o roteiro. Com a câmera na maior parte do tempo na mesma altura dos personagens, a câmera se torna apenas uma observadora. E não precisava ser mais que isso. Devido a fascinante história, a câmera não precisava de inovaçôes, apenas acompanhar a história seria suficiente. Aliás, a direção se mostra preocupada com os atores e extrai ao máximo seus potenciais artísiticos. O elenco torna-se assim excelente. Benedict Cumberbatch (que está numa crescente de sucesso) conduz muito bem o filme. Sua atuação é metódica e desafiadora. Aliás existem alguns momentos do filme que sua atuação lembra seu próprio Sherlock da série da BBC. Mas é nesse filme que Cumberbatch prova seu verdadeiro valor artístico nas cenas de emoção, principalmente. O elenco de apoio também está muito bom, destaque para Keira Knightley e Charles Dance.

O filme precisa ser visto, não somente por tratar-se de uma excelente obra cinematográfica, mas por apresentar a história de um verdadeiro herói desconhecido. Não sei se essa forte campanha do Oscar conseguirá enaltecer o valor do filme, e se não o fizer será uma pena. "O Jogo da Imitação" é a perfeita combinação entre uma história real imprescindível e um filme bem feito com roteiro e atores fantásticos.

Nota: 


- Demolidor

domingo, 18 de janeiro de 2015

Crítica de "Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo"

Quando anunciou-se que um novo filme sobre luta iria chegar aos cinemas fiquei animado. Só o gênero em si me atrai. Exemplos disso são a antologia Rocky (a qual sou fã há bastante tempo), além de grandes filmes como "Menina de Ouro", "O Lutador" e "O Vencedor". Eis que surge Foxcatcher. Além de ser de um gênero que eu costumo admirar, o filme foi bastante elogiado em festivais mundo a fora, além de ser lembrado em importantes premiações como o Globo de Ouro e o Oscar. Tudo isso só faz com que a expectativa aumente e que se espere não menos que um ótimo filme. É aí que Foxcatcher decepciona.

O filme conta a história real do campeão olímpico de luta Mark Schultz (Channing Tatum) que é convidado pelo bilionário John Du Pont (Steve Carell) a participar da equipe de luta Foxcatcher, um lugar com uma grande estrutura para treinos. Se não se tratasse de uma história real, a premissa do filme seria rídicula. Mas, como parece, as história mais reais são as mais difíceis de acreditar. Com uma premissa tão pouco rica a obrigação do roteiro era de desenvolver bem os personagens, fazendo com que o público se sentisse dentro daquele mundo. O roteiro, porém, não faz isso. Mark tem um bom desenvolvimento, mas não é um personagem pelo qual o público torce ou até mesmo se importe. John configura-se como aquele personagem que não sabemos o que esperar e isso causa uma certa tensão durante o filme. Porém os acontecimentos não se desenrolam e assim o público passa a não dar tanta importância ao personagem. Além disso, o roteiro apresenta situações em que não se explica o porquê de determinadas coisas. Isso torna a história deveras complicada. Isso tudo é fruto dum roteiro defeituoso e preguiçoso, pois não foi capaz de identificar os furos e corrigi-los.O final porém é o que salva o roteiro todo de ser um fiasco total. O clímax final é muito bem apresentado e apresenta acontecimentos que pegam o espectador de surpresa. A pena é que o roteiro não foi assim durante a maior parte do longa.

A direção é de Bennett Miller ("Capote", "O Homem que Mudou o Jogo"). Devido a sua carreira percebemos que o diretor gosta de filmar histórias reais em forma de ficção. Isso porque seus filmes não seguem diretamente a linha real da história. Isso não é um problema, afinal o cinema é uma forma livre de se expressar. Mas talvez em Foxcatcher, o diretor tenha exagerado um pouco. Sua direção é extremamente apagada. A câmera não dá fluidez ao filme. Nas cenas de diálogos e drama, a câmera acompanha pouco os personagens, focando somente em suas expressões faciais. Nessas cenas esse estilo de direção é válido. Porém, essa direção é mantida nas cenas de luta. Benett Miller deveria assitir "Menina de Ouro" para aprender como filmar uma cena de luta. Naquele filme, CLint Eastwood dá um show nos níveis de tensão e apreensão nessas cenas. Em Foxcatcher porém, as lutas não têm emoção e não existe aquela tensão para saber quem vai sair vencedor. Talvez a escolha do trabalho tenha sido errônea. O diretor, porém, consegue trabalhar temas interessantes sobre confiança e solidão, usando muito de artifícios como a cor preta e sombras.

O elenco é o diferencial. Channing Tatum demonstra potencial dramático. Ele conduz muito bem o filme, caracterizando bem os conflitos do personagem. Além disso, o ator está em uma forma física condizente com a do personagem. Isso demonstra um comprometimento profissional muito grande. Steve Carell também está muito bem. Deixando de lado o papel de idiota que fez nas comédias "O Âncora" e "O Virgem de 40 Anos", Steve faz um papel dramático duma forma muito convincente e desenvolve bem o que o diretor o pediu. Talvez o grande erro mesmo tenha sido o roteiro que o prejudicou na hora de dar um aprofundamento a mais ao personagem. O destaque do elenco porém é Mark Ruffalo. Ele interpreta o irmão de Mark. Servindo de uma figura paterna ao protagonista, Mark Ruffalo consegue demonstrar-se um ator versátil e extremamente eficiente. Além disso, o ator também está em plena forma física para o filme. Pode ser que esse seja o seu maior filme (artisticamente falando). O trabalho de maquiagem é excelente, destaque para a maquiagem de Steve Carell que muda totalmente o rosto do ator.

Outra coisa que me incomodou foi o subtítulo brasileiro. Em outras obras como "Whiplash - Em Busca da Perfeição", apesar de apresentarem subtítulos dispensáveis, são condizentes com o filme. Porém com "Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo" isso não acontece. Afinal, essa história chocou a quem? A maioria das pessoas não conhecia a história antes de ver o filme. O subtítulo brasileiro exagera muito ao dizer que trata-se de uma história que chocou o mundo. É triste criticar um filme com tamanho potecial. Este porém foi extremamente desperdiçado. Com roteiro e direção preguiçosos, filme sobre luta não é condizente com o gênero e apenas se destaca devido ao elenco surpreendentemente bom.

Nota: 

- Demolidor

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Crítica de "Invencível"

2°Guerra Mundial. Com certeza um dos temas mais debatidos nos cinemas. Já foram passados às telonas grandes batalhas, histórias de grandes heróis de guerra, massacres etc.. "Invencível" chega as telonas como um novo filme do gênero, mas se diferencia em diversos aspectos. O filme conta a história de Louie Zamperini (Jack O'Connell), um corredor olímpico americano que está lutando a Guerra. Após sofrer um acidente de avião, Louie é capturado pelos japoneses e assim desenvolve-se sua jornada pela sobrevivência.

Depois de ter visto o longa percebe-se que Louie é um grande herói. Tornou-se um exemplo de superação e perdão, devido a seus atos que são inspiradores. Era mais que justo uma pessoa tão importante, mas tão pouco conhecida, ser levada ao grande público. Através da direção da humanitária Angelina Jolie e do roteiro escrito em parte pelos Irmãos Coen, o filme tinha tudo para ser excelente. Excelente não foi, mas teve seus momentos. O roteiro oscila muito. A primeira metade do filme é espetacular. O público consegue se apegar aos personagens facilmente e as cenas conseguem ser extremamente dinâmicas. Mesmo nas cenas sem ação, o roteiro desenvolve diálogos importantes que ajudam a caracterizar bem o protagonista. A segunda metade, porém, possui diversos deslizes. O longa torna-se demasiado lento e o roteiro perde aquele apego aos personagens. Tudo bem que Louie continua sendo querido pelo público, porém os personagens coadjuvantes tornam-se extremamente dispensáveis. Além disso, o filme cede ao antigo clichê de caracterizar os japoneses como os vilões. Certamente existiam japoneses que torturavam impiedosamente por prazer, porém também existiam pessoas que apenas faziam aquilo devido às cirscunstâncias da guerra. Isso tira um pouco a humanidade dos japoneses e faz com que o filme torna-se o típico drama americano onde os EUA estão certos sempre.

A direção é de Angelina Jolie. É apenas o segundo longa que ela dirige, mas ela se sai bem. Os movimentos de câmera são bem fluídos e acompanham os personagens. A edição do filme é muito boa, o corte de uma cena para a outra é muito cuidadoso. A fotografia usada é belíssima. Visualmente é uma excelente reconstruição histórica, com paisagens muito bem usufruídas. O grande problema da direção é o receio da Angelina de cortar algumas cenas desnecessárias. Não que estas sejam ruins, mas tiram o dinamismo do filme e tornam o longa demasiadamente longo. A trilha sonora entra nas cenas certas, com uma música emocionante e condizente com a cena. Aliás, existem cenas irretocáveis, onde Angelina mostra que pode ir longe. Talvez tenha sido precipitado ela filmar Invencível no início de sua carreira, pois com experiência por trás das câmeras, Angelina poderia ter feito um trabalho infinitamente superior.

A atuação de Jack O'Connell é boa. Ele consegue sustentar o filme todo sozinho, mas é bastante facilitado pela personalidade de Louie.O ator não é excelente, mas consegue fazer desse papel um grande salto para a sua carreira. Sua atuação deve ter sido bastante facilitada pela direção de Angelina Jolie, que preza primeiramente dirigir seus atores. O longa é uma grande homenagem a Louie que veio a falecer em 2014. Com certeza é uma história que precisa ser conhecida. Mas talvez o filme não tenha sido ideal para contar essa história. Apesar de tudo, a diretora apresenta potencial para trabalhos melhores, assim como o ator principal que consegue se destacar.O filme foi lembrado pela Academia ao ser indicado a 3 Oscars, porém todos relacionados a especializações técnicas. Dirigido por Angelina Jolie, "Invencível" entre altos e baixos, emociona ao mesmo tempo que entedia.

Nota: 

- Demolidor

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Crítica de "Whiplash - Em Busca da Perfeição"

Jazz. Um estilo musical genuínamente norte-americano que faz parte da própria história do país. Atualmente, claramente, o gênero perdeu um pouco sua força. No século passado, por exemplo, os Estados Unidos foram berço de diversos artistas consagrados ao redor do mundo. Exemplos desses sucessos são Charlie Parker e Ray Charles. Ambos ganharam cinebiografias como "Bird" e "Ray". Para os fãs do jazz, os filmes foram interessantes para conhecer a história dos artistas e seguem um roteiro deveras premeditado. Chegamos então ao ano de 2014, onde somos apresentados a um novo filme sobre o jazz. Porém "Whiplash" traz uma temática totalmente nova e usa da música apenas como um consoante da revelação da verdadeira natureza humana.

O filme acompanha o jovem bateirista Andrew (Miles Teller) que é novato na melhor escola de música do país, o Conservatório Shaffer. Ele começa a fazer parte da orquestra comandada por Fletcher (J. K. Simmons) e lá sofre mais pressão e é incentivado sempre a atingir a perfeição. A primeira cena do filme é um quadro aberto num corredor e vai afunilando até nos apresentar o protagonista. Logo na primeira cena percebemos que o bateirista é empenhado e está se esforçando. Logo de início, Fletcher também aparece rebaixando e humilhando Andrew. Toda essa cena inicial já nos dá o tom que o filme vai tomar. Isso é um acerto muito grande do diretor, pois já estamos conectados na história desde o início.

O roteiro é bem escrito. Pode ser considerado monótono, por tratar apenas da luta de um aluno esforçado contra um professor tirano. Porém, o roteiro toma excelentes decisões que deixam o filme dinâmico. A construção dos personagens é incrível. Andrew, por exemplo, começa como o típico fracassado que não tem confiança em si próprio e aceita muito o que os outros pensam ou mandam. Porém, de acordo com o decorrimento do longa, o personagem vai ganhando personalidade e desafiando algumas coisas que ele nunca faria no início. Isso mostra um roteiro que desenvolve um personagem durante um filme apenas e faz com que o público "se orgulhe" por ele ter passado por todas essas provações e ter evoluído no final. Todo esse trabalho escrito é acentuado pela excelente atuação de Miles Teller que, como seu personagem, começa inseguro, mas vai evoluíndo durante o filme.

Mas, quem realmente merece destaque é o personagem Fletcher. No início o espectador sente um desgosto pelo personagem, até mesmo raiva. Conforme a história se desenvolve entendemos realmente a intenção do maestro. Na verdade ele não é uma pessoa má. Mas como diz num dos diálogos mais profundos do filme seu método de ensino não promove elogios, mas sim críticas que farão com que seu aluno tente superar mais e mais. O fato de seu ensino ter seus imensos defeitos por às vezes chegar a uma tortura emocional é indiscutível. Porém, através de pequenos detalhes do roteiro conseguimos compreender o porquê daquilo, concordando ou não. Esse personagem já foi uma grande sacada para o enredo, porém J. K. Simmons o engrandece mais ainda.

 O ator é o típico coadjuvante que todos conhecem de rosto, mas não sabem seu nome e nem reconhecem sua capacidade artística. Ele participa de grandes sucessos como a trilogia do Homem-Aranha dirigida por Sam Raimi ou pela comédia "Juno". Nesses trabalhos, Simmons não é capaz de desenvolver seu talento, portanto não é muito reconhecido. Todavia, o trabalho em Whiplash merece aplausos. Simmons dá seu próprio toque ao personagem e passa uma emoção por trás daquele homem metódico e extremamente perfeccionista. O ator consegue fácil roubar a cena durante o filme todo e sua atuação durante todo o longa é admirável. O inusitado é ele ser reconhecido por trabalhos como esse, projetos pequenos sem muita perspectiva que demorou pouco para ser gravado, do que em grandes obras Hollywoodianas.Isso reforça a ideia de que muito talento possa estar sendo subjulgado e até mesmo desperdiçado em Los Angeles. Uma prova de que seu atual trabalho merece destaque foi que o ator ganhou merecidamente o prêmio do Globo de Ouro por melhor ator coadjuvante. E o Oscar vem aí...

A direção (assim como o roteiro) é de Damien Chazelle. Ele escreveu o roteiro do filme "Toque de Mestre" anteriormente, mas não tem uma carreira conhecida. Esse é seu grande trabalho. A direção é o destaque. Damien usa de tomadas até mesmo sufocantes para contar a história. Existem cenas que a câmera poderia muito bem ficar parada sem que nada acontecesse. Porém, o diretor faz movimentos velozes com a câmera focando nos olhares dos personagens e isso causa uma tensão impressionante. A cena escrita não era suposta de dar tanta tensão assim, porém com uma direção afiadíssima Damien consegue superar seu próprio roteiro e deixa o filme mais interessante de ser assistido.

O longa consegue ser apreciado até por aqueles que não são muito por dentro do jazz. Eu, por exemplo, não sou muito conhecedor. Porém, o longa além de apresentar uma bela história, faz com que o público se interesse pelo gênero. Além disso, apresenta métaforas interessantes como: O que é mais importante: o talento ou a dedicação? A resposta não é dada, mas percebemos que Damien Chazelle possui os dois ao realizar Whiplash. Único, sarcástico, dramático. Uma bela surpresa. O filme apesar de excelente, definitivamente não é uma obra-prima e talvez venha a ser esquecido pelo público geral. Uma pena, pois "Whiplash - Em Busca da Perfeição" mostra que o cinema artístico e o que entretém podem estar interligados em uma só obra.

Nota: 

- Demolidor

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Crítica de "Ida"

Polônia. Quando cita-se esse país é inevitável que a memória mais forte situa-se num dos períodos mais conturbados da história mundial: a Segunda Guerra Mundial. A Polônia foi o primeiro país a ser dominado pelos nazistas e lá viviam muitos judeus. A Polônia então foi alvo de muitos massacres à sua população, cicatrizes que ainda ardem nos dias atuais. Então, o que seria conveniente para um diretor polonês contar a história de seu país? Bem, a resposta que provavelmente muitos dariam seria um drama de guerra, que contasse realmente os acontecimentos que ocorreram naquele lugar. "Ida", porém, vai muito além disso. Em vez de tomar essa decisão clichê, o filme conta um drama atual, mas fortemente ligado com o passado. Acompanha a freira Ida (Agata Trzebuchowska) e sua tia Wanda (Agata Kuleska) em busca de respostas pessoais. Ida descobre que seus pais eram judeus através da tia, e ambas embarcam numa jornada em busca da família.

Talvez o grande acerto do filme seja a relação entre as duas protagonistas. Como uma freira extremamente católica prestes a fazer seus votos reagiria sabendo que seus pais eram judeus? O que torna a relação das duas tão interessante é que acompanhamos desde o momento em que as duas se conhecem.É perceptível o choque que as personagens causam uma na outra. Os conflitos entre elas são excelentes, muito bem escritos. Esses conflitos fazem pensar que trata-se de uma luta entre o bem e o mal, o que é certo e errado. Mas, o filme com uma sutileza do roteiro mostra que não existe nada disso. Mesmo a freira "quase santa" pode ceder a atitudes consideradas erradas e mesmo a juíza que cede facilmente a desejos carnais pode realizar alguma ação boa. No final, percebemos que apesar de serem tão diferentes, as personagens se complementam e são essenciais uma para a outra durante a história.

O roteiro talvez não possa ser considerado muito bom. A história em si é bem monótona e o espectador não se apega aos acontecimentos.É uma mistura de drama com road movie.A história em si não prende a atenção do público. O que realmente salva é a relação entre as personagens, que nos fazem refletir sobre a nossa própria vida. A atriz que interpreta Ida está em seu primeiro papel cinematográfico. É um papel bom, eficiente, mas que não merece destaque. Enquanto isso, a atriz da tia Wanda está excelente. A emoção passada por suas expressões faciais são claramente convincentes e o desenvolvimento que ela dá para a personagem é excelente. A direção do filme é de Pawel Pawlikowski. Ele usa em todas as cenas a câmera parada. Em nenhum momento do filme a câmera acompanha a movimentação dos personagens. Isso limita um pouco a área de atuação dos atores, mas a escolha consegue ser acertada devido à simetria presente. Os planos que o diretor usa, na maior parte das vezes, usa dum eixo simétrico para dividir a tela ao meio em duas partes iguais. Isso causa uma beleza insubstituível ao longa, ainda mais por este ter sido rodado em preto e branco. Aliás, a direção lembra muito os filmes antigos em preto e branco, onde a câmera permanecia sempre estática.

A montagem do filme é muito bem feita. As cenas têm exatamente a duração necessária. O filme dura apenas 80 minutos, mas é mais do que o suficiente. O roteiro infelizmente não é cativante e por isso o filme perde um pouco nesse quesito. Porém, devido a boas atuações, uma direção referencial e conflitos extremamente bem trabalhados o filme torna-se assistível e essencial para fãs de cinema europeu.

Nota: 

- Demolidor

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Crítica de "O Abutre"

Los Angeles. A cidade dos anjos. Quando cita-se essa cidade pensamos em Hollywood, a Calçada da Fama, enfim lugares glamourosos e coloridos. Porém, esse filme desde o início nos dá um novo ponto de vista. A primeira cena tem uma panorama extremamente escuro, até mesmo, gótico e somos introduzidos na vida de Lou Bloom (Jake Gyllenhaal). Logo na primeira cena ele é pego roubando uma cerca de arame, é abordado por um segurança particular e o mata a sangue frio. Não existiria modo mais eficiente de apresentar o persoagem. Somente com essa cena, descobrimos que Lou é um personagem totalmente surpreendente e extremamente frio. A partir dali, o público já fica curioso com sua história e quer saber de sua conclusão.

Lou passa então a ser um repórter "freelancer", que sempre tenta cobrir os acontecimentos criminais da cidade antes de qualquer um chegar. Nesse panorama somos introduzidos ao mundo do jornalismo americano, desde a corrida para o furo jornalístico até a negociação do réporter com a TV. Tudo isso é muito bem explicado, sem nenhum narrador mediador. O universo das redes de TV é todo explicado através dos diálogos entre os personagens. Aliás, o protagonista é um excelente personagem. Mesmo com métodos extremamente pontuais e muitas vezes controverso, o público se indentifica com ele. Lou se apresente basicamente como a figura de um anti-herói. Além do personagem ser forte, a atuação de Jake Gyllenhaal merece ser destacada. O ator demonstra-se extremamente versátil e prova àqueles que acham que trata-se apenas de mais uma carinha bontinha de Hollywood que estão errrados. É fruto de um trabalho de extrema ascensão, muito acentuado pelo ótimo filme "Os Suspeitos", de 2013.

A direção é de Dan Gilroy. É seu primeiro trabalho como diretor. Anteriormente, foi responsável pelo roteiro de "Gigantes de Aço" e "O Legado Bourne".Em seu primeiro trabalho na direção principal, Gilroy impressiona. Apresenta uma direção extremamente limpa, mas também capaz de causar apreensão no expectador. Apesar do roteiro ter bastante mérito em criar os acontecimentos, é a direção que consegue passar a tensão necessária. O filme todo é bem montado e a fotografia é belíssima. A maior parte do filme é passada a noite, então o cenário mais "dark" da cidade é bem explorado pelo diretor de fotagrafia. O título o Abutre nos remete à escória dos animais, aquele que se alimenta de restos em decomposição. Pode-se dizer que o protagonista pertence a um tipo de escória, mas ele não está satisfeito com isso. Ele está sempre em busca de melhores condições. Talvez seja por isso que nos identificamos com um personagem deveras controverso.

O roteiro, assim como o protagonista, é surpreendente. Começa contando uma simples história de um trabalhador em busca de ascensão profissional e viaja até a própria busca do personagem pela sua verdade interior. O final do filme apresenta-se muito bem durante o clímax e consegue fechar a história na hora certa. Dan Gilroy nos oferece uma bela surpresa, que desenvolve o batido tema da busca do ser-humano por evolução. Mas,como o filme retrata, essa evolução pode vir da queda de outras pessoas.

Nota: 

- Demolidor

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Crítica de "Operação Big Hero"

Parece perfeito, uma receita infalível. Por que não juntar a equipe da animação da Disney com os personagens da Marvel? Os diretores Don Hall e Chris Williams foram os primeiros a realizar essa receita. E o resultado? Uma hora e quarenta de pura diversão e ação. Claro, sem faltar o lado cômico da Marvel.
A história é sobre Hiro (um gênio de treze anos) e Baymax (um robô progamado pelo irmão mais velho de Hiro). Os dois, junto a um grupo de mais quatro, formam o grupo Big Hero 6.
A animação tem um traço bastante oriental mas não deixa de ter o tom Disney. A história se passa no futuro, na cidade de San Fransokyo (uma mistura de São Fransisco com Tóquio). A ambientação futurística é muito bem feita e a forma como mesclaram as duas cidades é muito interessante.
Um dos fatores que trazem diversão extra para o filme é o fato dos personagens principais serem "nerds" e de realizarem muitos experimentos e invenções. Um mais criativo que o outro. O mais legal é que isso acaba influenciando na ação à medida que vamos chegando ao clímax.
Diferente de "Guardiões da Galáxia" e "Os Vingadores", aqui fica muito claro quem são os protagonistas do grupo (Hiro e Baymax). Aí entra o principal problema do filme. Não existe um apego com os outros quatro personagens no grupo. É bem provável que você saia do cinema sem lembrar o nome de todos eles. Porém, isso é parcialmente resolvido com a comédia. Já que não nos apegamos muito àqueles personagens, pelo menos rimos deles.
É inegável que o robô Baymax seja o melhor personagem do longa. As piadas mais engraçadas vêm dele. Não porque ele é um personagem engraçado, mas porque sua limitação apenas àquilo que foi progamado e seu formato geram situações hilárias.
Hiro também é um personagem interessante. Seu arco na história é bem claro. Ele começa como um menino sem rumo e se resolve após grandes acontecimentos - uns bons, outros ruins.
Um filme produzido pela Disney e pela Marvel não pode ser algo ruim. Recheado de piadas e ação, o longa é muito divertido. No fim, a receita infalível não falhou.

Obs: Existe uma cena pós-créditos

Nota:

- Bilbo

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Crítica de "Êxodo: Deuses e Reis"

Ridley Scott é um dos melhores diretores em atividade nos EUA. Ele não precisa provar isso pra ninguém. Ele é responsável por levar às telonas grandes marcos da ficção científica como "Blade Runner" e "Alien". Além disso, o diretor se mostrou bastante capaz na direção de filmes históricos como no inesquecível "O Gladiador" e no bom filme "Robin Hood". Com uma carreira dessa nas costas, o mínimo que se espera é um bom filme. Mas, infelizmente, aqui Ridley não dispõe dos elementos que o tornaram tão reverenciado.

O filme conta a história de Moisés, seguindo a risca o que está escrito no Antigo Testamento.É uma história que todos já estão cansados de saber, pois já foi levada a diversas mídias, inclusive a um filme de animação. O que fazer para uma história tão mastigada se tornar original? O primeiro passo seria um bom desenvolvimento de personagens. Mas esse é o pior problema do filme. Todos os personagens são extremamente rasos. O público não se apega a ninguém, nem mesmo ao protagnista. Diferente de "Gladiador", onde o público sofria junto com o protagonista, aqui ele se torna totalmente indiferente. O roteiro apresenta Deus na figura de um menino, na hora que ele se comunica com Moisés. Essa opção de representá-lo dessa forma não dá certo, pois assim o Criador não é tão temível e inalcançável como deveria.

Apesar de ter uma atuação relativamente boa, Christian Bale é prejudicado por um roteiro que não o ajuda. Assim sua atuação não é bem usada e não é justificada. Se foi contratado um ator tão bom assim, o mínimo que se esperava era que seu personagem fosse marcante.O inusitado é que os dois filmes já citados tiveram Russell Crowe como protagnista e este deu muito certo. E agora quando tentam mudar um pouco, trazendo um ator à altura o filme não se sustenta. O elenco coadjuvante do filme é pífio. Apesar de ter participação de grandes atores como Ben Kingsley e Aaron Paul, eles quase não são usados. O personagem que mais se destaca é Ramses interpretado por Joel Edgerton. Porém, sua atuação é razoável, oscilando entre ótimos e péssimos momentos.

O longa também tem seus pontos bons. Ele foi gravado na Espanha com cenários interativos e muito pouco CGI (efeitos digitalizados). Isso demonstra um ótimo trabalho, pois a ambientação fica muito mais realista. Aliás, a representação do Egito Antigo está perfeita. Tanto no figurino das pessoas como na arquitetura dos prédios e das pirâmides, tudo remete muito bem a esse período histórico. A direção de arte é excelente. A direção com a câmera na mão é muito boa. Ridley consegue como ninguém gravar cenas de ação históricas da forma mais realista possível. É provavelmente o melhor diretor atual em cenas de batalha.Sua direção sempre deixa essas cenas com o maior índice de realidade possível. O problema é que essas cenas são raras, só existe uma no início que deixa o público esperançoso e depois elas desaparecem.

Os efeitos especiais do filme são excelentes e muito bem renderizados. Nesse quesito o filme é impecável. A pena é que um longa não deve se sustentar apenas com ótimos efeitos. Quando assiste-se a um filme do gênero épico espera-se sempre uma trilha sonora marcante. Contradizendo essa afirmação, o longa apresenta uma trilha extremamente clichê e que não empolga o público como deveria. O filme deve ser visto pelos fãs do diretor ou por quem estiver a fim de ver uma excelente reconstituição histórica. Mas se está em busca de um roteiro épico, o melhor a se fazer é reassistir "O Gladiador".

Nota: 

- Demolidor

sábado, 13 de dezembro de 2014

Crítica de "O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos"

Aqui estamos. Pela última vez criticando um longa situado na Terra Média de Peter Jackson. Uma jornada que se iniciou com a inesquecível e praticamente perfeita trilogia "O Senhor dos Anéis". Depois de um tempo respirando, voltamos a visitá-la em "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada", um filme que se configura bem no gênero aventura e é bem fiel ao universo Tolkien. Eis que chega "O Hobbit - A Desolação de Smaug", um filme com roteiro extremamente aberto, sem uma história central definida e decepcionante.

O que esperar do último filme duma trilogia controversa? Todo o marketing do filme estava voltado para "O último adeus". Isso significa que acabou o universo da Terra média no cinema. Pelo lado fã é triste em pensar nisso. Então, além de corrigir as pontas soltas do segundo filme, este longa tem a responsabilidade de encerrar uma obra com uma legião de fãs de forma emocionante. Consegue? Bem, diria que o filme é bom. O roteiro consegue corrigir os erros de seu antecessor aos poucos, porém algumas gorduras insuportáveis continuam. Exemplo pleno disso é o romance inexplicável entre a elfa Tauriel e o anão Kili. Parece que só existe para a saga ter alguma história de amor. Outro problema que o filme herda do segundo é o início. O longa já inicia com o dragão atacando a cidade e o Smaug é resolvido nos primeiros quinze minutos. O ideal era o início desse filme ser o final do outro. Assim a história teria muito mais coerência e ritmo.

Como já diz o título, o foco do filme são as batalhas. Apesar de terem uma direção bem característica de Peter Jackson e seus exageros, elas são demasiadas. Se existe algum personagem favorecido nesse filme é Thorin. Esse é seu filme definitivo e é aqui que finalmente nos apegamos com o personagem. Além dessa parte do roteiro ser bem desenvolvida, o ator Richar Armitage merece destaque por sua grande atuação, até mesmo surpreendente. Aliás, o elenco todo está ótimo. Luke Evans como Bard está excelente. Este é outro personagem que cresce bastante durante o filme, mas torna-se pouco original e fica muito parecido com outros líderes humanos como Theoden em "O Senhor dos Anéis". Bilbo tem um papel importante no filme, porém não é o principal. Isso é estranho, pois no livro a parte que ele realmente se destaca é a retratada no longa. Martin Freeman continua bom na interpretação do hobbit, mas sua ausência é notada. Uma das minhas cenas preferidas foi a aparição de Saruman e Galadriel. Mesmo não acrescentando muito a história, é uma cena empolgante e dá uma sensação nostálgica boa. Outro ponto bom do filme são os créditos onde toca a bela música "Last Goddbye" de Billy Boyd.

"O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos"apesar de tudo é um bom filme. Na certa, poderia ser bem melhor com algumas alterações. Além disso, o filme deixa claro a seguinte afirmação: o grande problema e a grande qualidade do Hobbit é Senhor dos Anéis. Apesar do filme todo ter seus momentos ótimos e seus momentos pífios uma coisa é certa: o final é épico.  A cena final é extremamente bem construída e emocionante. É ali que vemos a real ligação entre o Hobbit e Senhor dos Anéis e ali cai a ficha que acabou.

Nota:




                              - Demolidor

domingo, 2 de novembro de 2014

Crítica de "Boyhood - Da Infância à Juventude"

Duas horas e quarenta minutos resumem doze anos da vida de um menino. O diretor Richard Linklater começou este projeto em 2002. Filmando uma semana por ano, Linklater conseguiu mostrar de forma simples a personalidade de um menino comum sendo formada. Com certeza, algo nunca antes visto no cinema.
O roteiro é simples e não apela para o melodrama, algo que seria muito comum. Mesmo com momentos dramáticos, são cenas rápidas. Afinal, esses momentos acontecem na vida de todos. Mas sempre acabam passando. A simplicidade do roteiro é um dos maiores méritos do filme. Sem apelar para diálogos expositivos, o texto convence inacreditavelmente. Mas isso também se dá pelas atuações.
Mason, o protagonista, é interpretado por Ellar Coltrane. Sua performance é muito natural, principalmente por atuar como si mesmo. É muito interessante e até tocante a forma como o menino vai crescendo e como vai descobrindo a vida. É uma das sutilezas que essa obra consegue transmitir excepcionalmente. Além da vida de Mason, o filme, como consequência, mostra as histórias dos personagens relacionados. Principalmente da mãe, do pai e da irmã. Patricia Arquette atua como a mãe no longa. A maneira como ela transmite o crescimento da personagem - de uma mãe solteira muito jovem e cheia de problemas para uma professora de respeito na faculdade - é impecável. Outro ator que está excelente é Ethan Hawke, o pai de Mason. Os diálogos entre pai e filho são muito naturais. "Qual Beatle é o melhor?",  "Vão fazer outro Guerra nas Estrelas?" e por aí vai. Seu personagem é outro que cresce bastante durante a história.
A direção de Linklater é muito boa também. Primeiro, é preciso ressaltar a coragem e a paciência por realizar tal projeto, inédito na história do cinema. O longa possui alguns planos-sequência lindos. Alguns que são até repetidos como técnica narrativa. Richard cria uma mensagem visual muito bonita durante o longa. A escolha da trilha sonora é outro ponto alto do filme. Além de músicas memoráveis e emocionantes, elas ajudam a situar o espectador no tempo. Um exemplo disso é o filme começar com "Yellow" do Coldplay, nos mostrando que estamos em 2002.
"Boyhood" é um filme sem igual. É impossível não se identificar com pelo menos um momento da vida de Mason. Devido a esse motivo, à inovação como obra cinematográfica, aos detalhes de direção e à simplicidade do roteiro, "Boyhood" é um filme memorável. Um dos melhores (se não o melhor) do ano.

Nota:





- Bilbo




sábado, 6 de setembro de 2014

Crítica de "Anjos da Lei 2"

Em 2012 chegava aos cinemas um filme que tinha tudo para dar errado. Uma comédia americana fazendo um "reboot" duma série não tão aclamada dos anos 80. Além do mais, o filme misturava o galã Channing Tatun com o "gordinho engraçado" Jonah Hill, que na época não possuía o sucesso que tem hoje. Porém o filme conseguiu vencer essas adversidades, e entregou um roteiro extremamente engraçado, usando de piadas modernas e sabendo falar a linguagem do público-alvo. Naquele filme, Jenko (Tatun) e Schmidt (Hill), dois policiais novatos, se infiltram no colegial para descobrir quem é o traficante duma droga que estava matando alguns alunos. Já aqui, os dois policiais se infiltram na Faculdade com o mesmo propósito, achar um traficante que está vendendo uma droga nova para os alunos. Dá para perceber que pouca coisa muda, inclusive a alta qualidade.

O roteiro é bem feito. As piadas criadas pelos roteiristas são geniais. Elas conseguem ser extremamente atuais, além de existirem algumas que fazem referência a elementos antigos da cultura Pop. O desenvolvimento da história é praticamente o mesmo do primeiro filme, inclusive nas partes dramáticas. Isso poderia ser um ponto ruim, mas como em "Anjos da Lei" ("21 Jump Street") esse balanço funcionou perfeitamente, os roteiristas repetiram a fórmula. E deu certo. O roteiro também apresenta alguns personagens divertidos, destaque para os gêmeos que dormem no quarto ao lado dos protagonistas. Suas aparições são sempre malucas e levam o público às gargalhadas. O filme também consegue dar mais importância ao personagem do Ice Cube e isso produz situações extremamente engraçadas. Na parte dramática, o filme consegue aprofundar ainda mais a relação entre os protagonistas e leva o público a se importar com a amizade deles. Talvez o único ponto fraco do roteiro seja o desenvolvimento dos vilões que estão ali apenas porque têm que estar. Não é apresentada nenhuma motivação. Mas como o filme é para ser encarado como uma comédia, isso não prejudica o filme num todo.

A direção é de Phil Lord e Christopher Miller. A dupla é a mesma que dirigiu o primeiro filme, além de dirigir a ótima animação desse ano "Uma Aventura Lego". Eles conseguem fazer um bom trabalho. Como no roteiro, repetem a mesma fórmula do primeiro filme na direção. Muitas vezes alguns movimentos de câmera rápidos fazem parte do humor do filme e isso os diretores conseguem fazer muito bem. A direção por um todo está bem feita, usando as vezes de alguns elementos como a câmera lenta que funcionam bem. "Anjos da Lei 2" ("22 Jump Street") possui algumas cenas de ação que possuem efeitos realistas que fazem com que o público esqueça que é um filme. Aliás, esse é um dos grandes pontos altos do filme, o público não vê o tempo passar. É tamanha diversão que o filme vai se desenrolando e o espectador só percebe que o tempo passou nos créditos finais. Estes que começam bem divertidos, mas depois de um tempo fica forçado e entediante. O filme possui uma trilha sonora excelente, que consegue também ditar os alívios cômicos em alguns momentos. O figurino é bem realizado, usando de peças de marcas conhecidas pela nova geração. O longa apresenta algumas participações especiais que são muito divertidas para quem as entende.

O elenco principal do filme está muito bem. Channing Tatun e Jonah Hill têm uma química na atuação que é impressionante. Eles convencem o público sobre sua amizade e sobre a diversão que eles estão tendo. Apesar de Jonah Hill roubar a cena (como sempre), Channing também consegue dar sua contribuição ao filme e não se caracteriza apenas como um galã com músculos. Essa dupla consegue ter uma combinação perfeita que produz alívios cômicos certeiros. Outro ponto alto do elenco é o Ice Cube que está hilário. Parece que ele é daquele jeito, e não que ele está interpretando um personagem. Isso é um acerto do "casting" que contratou o cara ideal para o papel. Existem partes que o filme zomba de si próprio, por ser uma continuação, por apenas existir devido ao sucesso do primeiro filme, que se fizerem sucesso eles irão para a "23 Jump Street". Essas partes dão um tom leve e sem responsabilidade ao filme, mas sem ser indiferente à sua qualidade. Duas horas que passam num piscar de olhos, devido a química perfeita entre os protagonistas e um roteiro com piadas certeiras.

Nota: 

- Demolidor

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Crítica de "Os Mercenários 3"

Em 2010 chegava aos cinemas um dos filmes mais ousados da nossa época. Era a junção de todos os "brucutus" que faziam filmes de ação nos anos 80 em um filme só. Tinha tudo para ser um fiasco. Mas para a surpresa de todos,  o filme foi bem conduzido, com uma boa dose de humor, porrada bruta e tiros para todos os lados. Em termos de roteiro muitos vão dizer que a franquia não foi muito boa. Mas convenha-se que quem vai ver um filme desse estilo não está interessado num roteiro muito elaborado. Em 2012, depois do sucesso de "Os Mercenários", estreava a continuação da franquia. Conseguindo acompanhar o ritmo do primeiro filme, o longa também foi querido e atraiu uma nova legião de fãs. Em 2014, então, chega aos cinemas o terceiro filme da franquia. Um filme que apenas precisava imitar a fórmula usada nos anteriores. Mas quiseram inventar e isso prejudicou o filme.

O roteiro é extremamente ruim. Mesmo os roteiros anteriores não sendo tão bons, esse é o pior sem dúvida. Situações mal explicadas, motivações pífias, desenvolvimentos superficiais. Tudo isso estava presente nesse roteiro. E o pior de tudo: grande parte do filme acompanha um novo grupo de jovens Mercenários que substituem os antigos. Além de não possuírem atores conhecidos, suas atuações são deprimentes. Seus personagens não possuem carisma nenhum que provoque uma identificação com o público e isso torna o filme lento em alguns momentos. Porém, as cenas em que a equipe antiga está em ação são extremamente empolgantes e divertidas e por ora, o público esquece do péssimo elenco jovem. O ponto alto do roteiro deve ser o vilão principal, interpretado pelo mestre Mel Gibson. Disparadamente é o vilão mais bem desenvolvido de toda a franquia, com motivações que não precisam ser plausíveis, pois o personagem é completamente insano. Existe até uma cena em que o personagem lembra muito o Coringa da trilogia de Nolan. E combinado ao gênio da atuação Mel Gibson, o personagem funciona muito bem.

A direção é de Patrick Hughes. Sendo o primeiro filme de peso dirigido por ele, o diretor não apresenta nenhum estilo próprio direção. É uma direção completamente genérica no gênero, usando inúmeras vezes do artefato da "câmera tremida". Porém, tratando-se de um filme de ação a direção consegue conduzir o filme até onde dá. A culpa do filme não ser tão bom quanto os anteriores não deve cair sob Patrick, mas sob os roteiristas que criaram personagens detestáveis. As cenas de explosão são mal acabadas, porém as cenas de tiroteio têm uma apresentação muito boa e empolgante. O roteiro como já foi falado peca principalmente nos personagens jovens, que não acrescentam nada a história e as vezes até irritam. Mas, o roteiro também acerta não somente no vilão, mas nos personagens de Wesley Snipes e Antonio Banderas que são bastante divertidos.

O elenco "velho" continua a mesma coisa, eles fazem o filme para se divertir e conseguem passar credibilidade ao público. Destaque a atuação de Mel Gibson que é bastante coesa e a Harrison Ford que passa uma seriedade bastante impactante. O resto do elenco antigo está bem, mas nada que se mereça comentar. Mais uma vez o problema do elenco são os jovens. Não existe nenhum bom ator entre eles que possa salvar suas participações e isso incomoda bastante o público. O filme se prejudica com os personagens jovens sem desenvolvimento, mas todas as vezes em que a "velha guarda" aparece é diversão garantida.

Nota: 



 - Demolidor

domingo, 3 de agosto de 2014

Crítica de "Guardiões da Galáxia"

Quase ninguém sabia o que esperar desse novo filme da Marvel. Seis anos depois do começo da editora nas telonas, chegou ao cinema os primeiros super-heróis produzidos pelo Marvel Studios que não fazem parte de "Os Vingadores". Como essa nova equipe de heróis não é muito famosa nos quadrinhos, mesmo grandes fãs da editora ficaram com o pé atrás para esse filme. Porém a Marvel, inteligente como (quase) sempre, soube usar esse fator em seu favor. Como apresentar todos esses personagens para o público e ainda contar uma boa história em um filme só? A saída perfeita encontrada pelo roteiro é fazer com que os personagens se conheçam junto com o público. O filme ainda brinca com isso, com piadas sobre os coadjuvantes não conhecendo os Guardiões.
A história conta a aventura do grupo para capturar o Orbe, uma das gemas do infinito. Porém, complicações acontecem no meio do caminho.
Uma das coisas mais interessantes do filme também, é como ele passeia por diferentes gêneros de uma forma bem sutil e coerente. Temos drama, ação, aventura e comédia. E QUANTA comédia. Dá para dar boas gargalhadas durante o longa. Elas se dão principalmente pela muito cômica química entre os cinco personagens principais. Cada um deles possui uma característica específica que possibilita diferentes tipos de piada.
A ação é muito bem pontuada e dirigida. O diretor James Gunn soube usar as diferentes habilidades de cada personagem para criar lutas criativas e empolgantes, assim como aconteceu em "X-Men - Dias de Um Futuro Esquecido". A história da aventura também é muito interessante, pois os heróis vivem duas jornadas: uma para realizar a missão deles e a outra para aprender a conviverem juntos.
Mas, esse filme não seria nada sem seus excelentes personagens. São todos muito diferentes e carismáticos. Começando por Starlord ou Peter Quill, vivido por Chris Pratt. É o personagem com mais tempo de tela, justamente por ser o único humano na história. O personagem passa por várias situações difíceis e cômicas retratadas muito bem por Pratt, um ator em ascensão que, provavelmente veremos bem mais nos cinemas. Também existe o Rocket, dublado por Bradley Cooper. Um guaxinim falante genial. Um dos personagens mais engraçados de todos os filmes da Marvel. Inclusive, seria muito engraçado um encontro dele com Tony Stark. Cooper tem o timing muito bom para as piadas. E a voz está muito boa. Essa é uma das principais coisas que se perde vendo o longa dublado. Vin Diesel dubla o parceiro de Rocket, Groot. Este é o gancho para muitas piadas no filme, principalmente por ser uma árvore ambulante que só fala "Eu sou o Groot". Zoe Saldana interpreta Gamora, uma das filhas de Thanos. Sua personagem é, provavelmente, a mais sem sal do longa. Possui pouco personalidade, principalmente se comparada aos quadrinhos. Mesmo assim, sua falta de personalidade ajuda a ressaltar o excesso da de seus companheiros. Por último, Drax. O alienígena mercenário que procura vingança é feito por Dave Bautista. O mais legal do personagem é não entender as piadas e metáforas, levando tudo no sentido literal. Essa característica cria muitas situações cômicas.
O filme lembra muito "Star Wars" em alguns aspectos. A relação de Rocket com Groot é muito parecida com a de Han Solo com Chewbacca. Gamora lembra a Princesa Leia, principalmente por seu planeta natal ter sido destruído e também por ser a única mulher (alienígena) no grupo.
A trilha sonora é um dos pontos fortíssimos do longa. As músicas dos anos oitenta se encaixam perfeitamente no filme. A forma como ela aparece nas cenas é muito orgânica. Uma das melhores trilhas sonoras ultimamente.
O visual do longa é muito bom. A forma como a fotografia vem de uma maneira natural, com uma paleta de cores muito variada lembra muito as histórias em quadrinhos. A direção de arte também é incrível. Todos os cenários, figurinos e até os próprios personagens digitais acompanham a fotografia num tom muito colorido. O 3D é surpreendentemente muito bom. O filme possui uma ótima profundidade e, é claro, objetos são jogados na cara do público. Se possível, veja o filme em 3D. Os efeitos visuais estão muito bons. Você acredita que um guaxinim falante existe. Claro que também é preciso ressaltar a excelente dublagem, mas a computação gráfica está muito boa também. Não de uma forma super realista como em "Planeta dos Macacos - O Confronto", mas de uma forma que também lembra muito os quadrinhos.
Como levar a sério esse filme? Com um guaxinim falante e uma árvore ambulante? A resposta é não levar, porque nem ele se leva à sério. Isso é excelente. Tirou a mania de fazer filmes de super-heróis realistas, pois afinal, é preciso admitir que super-heróis são clichês. O filme tem a humildade de admitir isso.
Para muitos, os melhores filmes da Marvel são "Homem de Ferro" e "Os Vingadores". E "Guardiões da Galáxia" encontra-se no mesmo nível, principalmente pela química incrível e cômica entre seus personagens.

Obs: Existe uma cena pós-créditos.

Nota:





- Bilbo